A persistência de atrasos e alterações nas escalas de navios nos principais portos brasileiros impediu o embarque de 1,861 milhão de sacas de café em agosto, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Com um preço médio de US$ 256,55 por saca no mês passado, a não exportação resultou em uma perda estimada de R$ 2,651 bilhões em divisas.
Além das perdas cambiais, os exportadores enfrentam um aumento de custos operacionais. Despesas com armazenagem adicional e procedimentos logísticos elevaram os gastos em R$ 5,364 milhões, de acordo com o Cecafé.
Congestionamento em Santos atinge níveis recordes
O Porto de Santos, responsável por quase 68% das exportações de café do país, registrou seu maior índice de atrasos desde janeiro de 2023, com 86% dos navios enfrentando alterações de escala. Em agosto, dos 128 navios programados para exportar o grão, 110 sofreram algum tipo de atraso. A maior espera foi de 29 dias.
No Rio de Janeiro, o segundo maior exportador de café do Brasil, 66% das embarcações registraram atrasos no último mês, afetando 47 dos 71 navios programados.
Impactos no comércio e na infraestrutura
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, destacou que o cenário reflete a falta de infraestrutura adequada nos portos brasileiros, que já não conseguem atender à demanda crescente por exportações. Segundo ele, o congestionamento é fruto do esgotamento da capacidade dos portos em lidar com cargas em contêineres, gerando impacto direto na eficiência do setor.
Heron também defende a urgência em ampliar investimentos e acelerar a execução de projetos portuários, alertando para o risco de mais acúmulos de café não embarcado. "Apesar dos recordes de exportação, com 31,9 milhões de sacas e US$ 7,2 bilhões em receita até agosto, o potencial dos embarques está comprometido", concluiu.
Fonte: Cecafé