O ataque aos pés de café acontece quando o inseto ainda está na fase de larva ou ninfa. Esse período que antecede a fase adulta tem duração longa, de um a cinco anos. Ao contrário da fase adulta, que dura apenas alguns dias. Quando adultas, após o acasalamento entre os meses de setembro a março, os insetos botam os ovos no tronco e folhas das plantas. Após o rompimento dos mesmos, as ninfas descem ao solo e se fixam às raízes da planta, próximo ao tronco, onde sugam a seiva por meio do seu aparelho bucal em forma de estilete.
Alguns especialistas apontam que o ataque das cigarras aos cafeeiros foi uma opção encontrada pelo inseto para sobrevivência. Isso porque suas espécies favoritas, antes encontradas nas matas de Cerrado, foram eliminadas e substituídas pela ação do homem, transformando-se em pastagens e lavouras. Os gêneros mais comuns dos insetos são a Quesada (6 a 7 cm), Carineta (2 a 3 cm) e os menores, Fedicina e Dorisina.
Apesar de ser uma planta forte, o cafeeiro é muito prejudicado com o ataque dos insetos. Os pés apresentam fraqueza na parte aérea, com amarelecimento e deficiências nutricionais nas folhas, ramos secos e baixa produção. O engenheiro agrônomo, Raul Carvalho Guimarães, atende inúmeros clientes em uma área com mais de 10 mil hectares de café. Segundo ele, é comum encontrar o problema nas lavouras. "A cigarra ainda pode ser considerada um problema sério. É comum encontrar lavouras aparentemente saudáveis, mas que apresentam baixa produção por causa do ataque dos insetos".
Apesar de ser um problema, Raul afirmou que nos últimos anos tem ocorrido uma diminuição no ataque das cigarras. Ele disse ainda que o controle da praga deve ser feito de maneira consistente e em toda região. Se apenas um ou outro produtor fizer, não há um controle efetivo do inseto.
Diagnóstico
O trabalho de diagnóstico de uma lavoura para confirmação ou não do ataque das cigarras ocorre diretamente no cafezal. O cafeicultor deve inspecionar a lavoura adulta, procurando cascas (exúvias) do inseto na parte inferior do caule e nos ramos baixeiros. Os buracos circulares no solo, sob a saia dos cafeeiros, também são um indício de cigarras em sua lavoura.
É necessário furar um buraco próximo ao tronco da planta e verificar a existência das ninfas. Em alguns casos, já foram encontradas de 300 a 1.000 ninfas por planta. As espécies maiores do inseto causam danos ao pé de café quando encontradas em quantidades superiores a 20 ninfas/planta. Já as espécies menores em quantidade superior a 60 ninfas/planta.
Controle
Para combater as cigarras são utilizados inseticidas sistêmicos e de contato. O trabalho preventivo é realizado agora, no período chuvoso, entre os meses de outubro e fevereiro, intensificado principalmente de outubro a dezembro.
Além do dano físico causado ao cafeeiro, a cigarra enquanto praga gera prejuízos econômicos e financeiros ao produtor. "O cafeicultor vive da produtividade. Se em sua lavoura há cigarra adulta, ninfa e larva sugando seiva, prejudicando a alimentação da planta, obviamente ele terá perdas na produtividade. Por isso o produtor deve sempre estar atento e procurar a assessoria de um engenheiro agrônomo".
A reportagem é de André Silva Rosa, para o jornal Correio Trespontano, adaptada pela Equipe CaféPoint.