Outubro foi marcado pela volta das chuvas no cinturão cafeeiro brasileiro, cenário que proporcionou alívio significativo aos produtores e estimulou as floradas nas principais regiões produtoras de arábica, informa o relatório mensal do Cepea/Esalq.
A continuidade das precipitações em novembro, porém, é fundamental para garantir o pegamento e a formação dos chumbinhos e evitar o comprometimento da próxima safra 2025/26.
Vale lembrar que o alto índice de desfolhamento das lavouras, em especial nas lavouras de sequeiro, pode ser um fator limitante nesta fase crucial do desenvolvimento da temporada.
Nas praças produtoras de café arábica, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) indica, em outubro, que:
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na região de Franca, as precipitações totalizaram 243,6 mm. Em Varginha, no Sul de Minas Gerais, o volume total foi de 195 mm no mesmo período.
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Já em Garça (SP), nos municípios paulistas próximos à divisa com o Paraná, as chuvas somaram apenas 63 mm em outubro, sendo a região com o menor volume. Essa quantidade está aquém do necessário para recuperar o déficit hídrico e possibilitar um bom desenvolvimento da produção.
Quanto ao robusta, o desenvolvimento da próxima safra já está um pouco mais adiantado, e as chuvas têm colaborado com o pegamento das últimas floradas e com o desenvolvimento dos chumbinhos.
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Na estação de São Mateus (ES), as chuvas de outubro totalizaram 271 mm. Contudo, se o calor não tivesse sido tão intenso em 2024 e o inverno, tão seco, as lavouras poderiam estar em melhores condições para a safra 2025/26, conforme apontam colaboradores do Cepea.
Cotações
A melhora nas condições das lavouras brasileiras e o início da safra de robusta no Vietnã pressionaram as cotações. De setembro a outubro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, peneira 13 acima, recuou 80,73 Reais/saca de 60 kg (ou queda de 5,4%), passando para R$ 1.416,72/saca de 60 kg – ainda assim, trata-se da segunda maior média mensal real da série histórica (os valores foram
corrigidos pelo IGP-DI de setembro/24), atrás apenas da de setembro de 2024, quando atingiu R$ 1.497,46/saca de 60 kg.
Com a desvalorização do robusta, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, voltou a fechar o mês acima do robusta.
Em outubro, o Indicador do arábica teve média de R$ 1.490,14, sendo 74 Reais/sc superior à do robusta. De setembro para outubro, o avanço no Indicador do arábica foi de 17,4 Reais/sc ou de 1,1%. A alta está atrelada a perspectivas de oferta restrita da variedade no curto prazo, já que, apesar da boa florada no Brasil, a expectativa para a próxima temporada ainda é negativa, dado o estado debilitado dos cafezais.
Pesa positivamente o Real desvalorizado no Brasil e os problemas logísticos enfrentados mundialmente.
Fonte: Cepea/Esalq