Após a surpresa – ou a falta dela – na segunda-feira passada (15), quando a Green Coffee Association nos EUA não divulgou os estoques do final do mês de abril, o foco entre os dias 15/5 e 19/5 mudou para a segunda avaliação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra 23/24 do Brasil.
A Conab aumentou sua expectativa de produção de arábica para 37,93M scs, uma adição de 494 mil sacas em relação ao relatório anterior. O aumento veio com produtividades maiores, com destaque para as regiões do Cerrado, São Paulo e Sul de Minas Gerais. No total, a produtividade de arábica registrou um aumento de 24,81 scs/ha, para 25,62 scs/ha – ainda abaixo do padrão dos anos anteriores à seca, mas mostrando uma importante recuperação.
Para o conilon, os números foram na direção oposta: uma redução de 695 mil sacas em relação ao relatório anterior, para 16,81M scs. O resultado representa uma queda de 8% na produção em relação ao ano anterior. Apesar do aumento de 1% na área em produção, a proporção de áreas em formação em relação ao total aumentou (8,6% em 2022 para 10,2% em 2023).
Porém, o número de conilon continua bem abaixo da média do mercado (em torno de 20-22M scs), e, portanto, tem menos potencial para mover preços. A queda na produção de conilon foi impulsionada inteiramente pelo Espírito Santo, já que a Conab estima uma queda de 1,78M sacas ano a ano na produção do estado, e o aumento na Bahia (+142 mil sacas a/a) e Rondônia (+331 mil sacas a/a) não foi suficiente para compensar os problemas no principal fornecedor de conilon.
De forma geral, com a redução no número de conilon, a estimativa da Conab para a produção total de café em 2023 registrou uma queda de 200 mil sacas em relação à estimativa anterior. Com uma maior participação da área em formação tanto para o arábica quanto para o conilon, o relatório ressalta que a safra atual ainda ficou muito vulnerável às intempéries (geada e seca, no caso do arábica) e stress produtivo (no caso do conilon), apesar dos números permanecerem abaixo da média esperada pelo mercado.