A Key Coffee Inc., empresa japonesa localizada em Tóquio, está testando 35 variedades de plantas produtoras de arábica na Indonésia em colaboração com a World Coffee Research of Oregon e o Instituto Indonésio de Pesquisa de Café e Cacau.
Aproximadamente metade das variedades plantadas há dois anos pode ser adequada para o cultivo nas terras altas de Celebes (Sulawesi), onde a empresa administra sua própria fazenda.
“A ameaça da mudança climática é real em nossa propriedade”, disse Masataka Nakano, vice-gerente geral da divisão de marketing da torrefadora em uma entrevista em Tóquio. “Como a diferença entre as estações chuvosa e seca torna-se incerta e a quantidade de chuva instável, nossas colheitas são vulneráveis a danos”, concluiu.
Segundo a World Coffee Research, a previsão é de que o consumo mundial de café cresça até 2050 2% ao ano e a produção deva dobrar para continuar esse ritmo. No entanto, de acordo com o órgão de pesquisa, áreas adequadas para a produção de arábica podem ser cortadas pela metade até 2050.
Os grãos arábica são preferidos pelo seu melhor aroma e sabor, enquanto os robusta, com maior rendimento e mais resistentes às doenças, são utilizados principalmente para o café instantâneo. Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a previsão é de que o arábica responda por quase 60% da produção mundial de café no atual ano comercial.
Segundo Nakano, a Key Coffee quer adicionar novas variedades às cinco já existentes de café arábica na fazenda, para que a qualidade e a quantidade possam ser mantidas mesmo em condições climáticas anormais.
De acordo com a Associação Nacional Japonesa de Café, um grupo de empresas torrefadoras de Tóquio, para produzir arábica de boa qualidade, as temperaturas devem permanecer entre 18 e 21 graus Celsius durante todo o ano, com uma precipitação anual de cerca de 2.000 milímetros e uma grande amplitude entre as temperaturas diurna e noturna.
Para aumentar a produção em um clima desfavorável, os produtores podem aumentar o plantio de robusta ou fazer um cruzamento entre as variedades arábica e robusta que é mais fácil de cultivar, disse Toyohide Nishino, diretor executivo da Associação Nacional de Café do Japão. “Haverá grãos arábica menos puros e eles serão mais caros”, disse Nishino em entrevista em Tóquio. “Para garantir o abastecimento, as empresas torrefadoras devem aprofundar o relacionamento com os produtores e pagar mais por eles”.
Na Colômbia, que é o maior produtor de arábica depois do Brasil, os produtores estão multiplicando as plantações de uma variedade recém-desenvolvida, Cenicafé 1, que é um cruzamento entre Caturra - um arbusto anão comum em toda a América Latina - e o híbrido de Timor, a cepa criada pelo cruzamento espontâneo de plantas de arábica e robusta na ilha do Sudeste Asiático.
Segundo Nakano, a Key Coffee não pretende usar um cruzamento em sua fazenda, porque teme que o aroma e o sabor não sejam tão bons quanto os do arábica puro.
As informações são da Bloomberg / Tradução Juliana Santin