É a primeira vez que produtores da Amazônia Ocidental e do noroeste do Mato Grosso contarão com cultivares clonais individuais de café. A novidade será realizada através de um pacote tecnológico lançado pela Embrapa Rondônia, em que o cafeicultor saberá quais clones deverão ser combinados na lavoura e escolher cada material de acordo com as características desejadas: produtividade, qualidade da bebida, resistência a doenças, entre outras.
Os pesquisadores desenvolveram cultivares clonais que reúnem as vantagens das variedades conilon e robusta. Os novos materiais mostraram alta produtividade de café beneficiado, resistência à ferrugem e ao nematoide das galhas, boa qualidade de bebida e adaptação às condições edafoclimáticas da região amazônica.
As plantas do café conilon se caracterizam pelo menor porte e maior resistência à seca, enquanto as do robusta apresentam aspectos complementares como maior vigor vegetativo, grãos maiores e menor resistência ao déficit hídrico. Plantas híbridas, provenientes de cruzamentos naturais ou direcionados, têm se destacado nas avaliações de campo por expressar as melhores características dessas duas variedades.
As novas cultivares híbridas de conilon e robusta foram desenvolvidas a partir da caracterização individualizada de cada clone, algo inédito na cultura do café da região amazônica. A caracterização individual permite que o cafeicultor trabalhe com os clones de sua preferência, considerando características de produção, arquitetura da planta, ciclo de maturação dos frutos, tamanho de grãos, resistência às pragas e doenças e qualidade da bebida, únicas de cada clone.
O produtor também é informado sobre a compatibilidade entre os clones. Isso porque o café da espécie Coffea canephora, que reúne as variedades conilon e robusta, necessita de plantas com perfis genéticos diferentes para produzir frutos. Sem essa informação, o cafeicultor costuma plantar diversos materiais para aumentar as chances de cruzamento. O cultivo de clones não compatíveis não produz frutos e o plantio de um reduzido número de clones diminui a eficiência de polinização. Os clones lançados estão classificados em três grupos de compatibilidade. Com isso, o agricultor saberá de antemão quais podem ser plantados juntos, economizando tempo e otimizando o desempenho produtivo.
Os clones foram desenvolvidos para serem cultivados em conjunto com outros, permitindo a formação de novos cafezais de acordo com as preferências do produtor. Para o pesquisador da Embrapa Rondônia, Alexsandro Teixeira, o produtor terá liberdade de escolha, tendo como resultado um produto final de maior valor agregado, atrelado a uma agricultura mais sustentável, com menos defensivos e com uso mais eficiente da terra. Ele exemplifica que, caso o objetivo seja alta produtividade, o cafeicultor poderá utilizar clones que tenham essa característica.
Instituições parceiras
O desenvolvimento das novas cultivares contou com a parceria de diferentes instituições públicas de ensino e pesquisa e de cafeicultores: Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), Embrapa Café, Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Instituto Agronômico (IAC), Universidade Federal de Rondônia (Unir), Embrapa Acre, Consórcio Pesquisa Café, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Secretaria de Agricultura do Estado de Rondônia (Seagri).
“Foi fundamental a atuação dos cafeicultores parceiros, a quem gostaríamos de agradecer especialmente e beneficiar com os esforços das instituições de ensino, pesquisa e extensão participantes”, Alexsandro.
As informações são da Embrapa Rondônia.