O Mercosul e União Europeia assinaram na última sexta-feira (28), em Bruxelas, um acordo de livre comércio para fortalecer a marca Cafés do Brasil no bloco, que é um dos maiores consumidores mundiais e um dos principais destinos do produto brasileiro.
Para o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes, a parceria irá fortalecer a marca brasileira e incrementar parcerias. “O Brasil volta a ser inserido na política de acordos internacionais de uma maneira inteligente, produtiva”, acrescentou.
Atualmente, o maior consumidor mundial de café são os Estados Unidos, seguido pelo Brasil. De acordo com o Cecafé, dos dez principais destinos do café brasileiro, seis são países da Europa, liderados por Alemanha, Itália e Bélgica. Além deles estão Reino Unido (em processo de saída do bloco), França e Turquia, que não integram o bloco.
Na visão do Conselho, o Brasil tende a atender mais o mercado da União Europeia, cliente de longa data do produto brasileiro. A exigência de qualidade do bloco é cada vez maior e a cadeia produtiva brasileira tem condições de atender o mercado europeu com produto de qualidade.
“O café brasileiro já é muito bem posicionado na comunidade europeia. Tem rastreabilidade, é sustentável. Temos leis ambientais e sociais severas, com resultado econômico positivo. Ter um acordo com alguém que já é um parceiro de fato fortalece e ajuda muito”, acredita Carvalhaes.
Já para a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), o acordo buscará diminuir a taxa de juros da entrada do café solúvel ou torrado e moído do Brasil, que atualmente é tarifado em 9%.
O diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima, considerou o acordo entre Mercosul e União Europeia como “uma das maiores conquistas dos últimos tempos” para o setor. A ideia é que a taxa atinja o zero no quinto ano. “Certamente vamos ganhar poder de competição. Podemos crescer até 30% em cinco anos no mercado europeu”, afirmou Aguinaldo.
O executivo contou que o acerto entre os dois blocos ocorre no momento em que a indústria nacional tem perdido participação na Europa, por causa da concorrência com países como o Vietnã, segundo maior produtor de café do mundo, atrás apenas do Brasil.
“O café solúvel nacional também compete com a indústria da própria Europa, que tem tarifa zero”, explicou. Além disso, outros países produtores, como Colômbia e Equador, são favorecidos pelo Sistema Geral de Preferência (SGP), sob alegação de apoio aos cafeicultores, contra a produção de drogas.
A União Europeia é um dos principais destinos do café solúvel nacional. O Brasil, maior produtor e exportador do mundo, fatura anualmente cerca de US$ 600 milhões com o embarque de 3,7 milhões de sacas de 60 kg em equivalente de solúvel. A UE participa com cerca de 470 mil sacas desse total, para uma receita de US$ 80 milhões.
Segundo o diretor, o acerto é oportuno, já que a indústria nacional pretende investir R$ 820 milhões no segmento até 2022. As indústrias Cacique e Olam irão inaugurar fábricas, enquanto a Iguaçú vai ampliar a indústria no Paraná.
As informações são da Globo Rural e Abics.