A Organização Internacional do Café (OIC) anunciou o histórico Acordo Internacional do Café 2022. Estabelecido pela primeira vez para regular as cotas de exportação de café em 1962, a fim de ajudar a estabilizar os preços globais do café, o Acordo Internacional do Café tem sido historicamente um acordo multilateral entre governos que representam países produtores e consumidores de café.
Embora a participação do governo permaneça central para o novo acordo, a iteração de 2022, pela primeira vez, dá as boas-vindas ao setor privado – incluindo o que a OIC descreveu como “os maiores varejistas, torrefadores e fabricantes do mundo” – como membros afiliados iguais.
A nova diretora-executiva da OIC, a brasileira Vanusia Nogueira, sugeriu que o acordo facilitará uma “frente mais unificada” para abordar a ampla gama de questões enfrentadas pelo setor cafeeiro global. “Estamos entrando em uma nova era de cooperação com o setor privado graças ao histórico Acordo Internacional do Café 2022”, disse Nogueira em um anúncio da OIC hoje. “A chegada dos maiores nomes e fabricantes de rua do mundo, bem como pequenos produtores, significa que toda a cadeia de valor do café pode agora enfrentar os maiores desafios que o setor global enfrenta de maneira justa para todos”, disse.
O novo mandato do acordo para absorver a participação do setor privado ocorre em um momento em que, apesar das amplas reivindicações de sustentabilidade econômica e social entre a maioria das maiores empresas de café do setor privado do mundo, a pobreza, a insegurança alimentar, a degradação ambiental e uma série de outros fatores continuam afetando cafeicultores de todo o mundo.
Também ocorre, aproximadamente, uma década após o relatório da própria OIC sobre tendências macroeconômicas no período de livre mercado que começou em 1989, quando as cotas de exportação não faziam mais parte do Acordo Internacional do Café. O período de mercado, que continua até hoje e é impulsionado principalmente por atores privados, tem sido caracterizado por extrema volatilidade de preços, preços FOB baixos sustentados em geral e repetidos choques de preços para os produtores de café ao longo das décadas.
De acordo com a edição de 2020 do Barômetro do Café, quase metade do café mundial é exportado por apenas cinco empresas, enquanto as 10 empresas que torraram aproximadamente 35% do café mundial geraram receita de aproximadamente US$ 55 bilhões em 2019. Enquanto isso, os países produtores recebem menos de 10% desse valor na exportação, de acordo com o documento, com uma porcentagem muito menor indo para os cerca de 12,5 milhões de pequenos agricultores do mundo.
O novo Acordo Internacional do Café segue o trabalho da “Força-Tarefa Público-Privada” previamente estabelecida da OIC, que delineou uma “visão compartilhada” e um “roteiro” pré-competitivos em meio à mais recente crise de preços de 2018-19.
No anúncio de hoje, Nogueira afirmou: “O novo Acordo é um instrumento eficaz para abrir caminho para uma frente mais unificada, estabelecendo um consenso e uma visão compartilhada sobre a melhor forma de implementar e promover as ações dos governos e do setor privado, além de envolver todos os principais instituições relacionadas ao café, ONGs, instituições internacionais e financeiras, além de outros parceiros de desenvolvimento, órgãos de pesquisa e academia”.
Atualmente, os governos membros do Acordo Internacional do Café representam 93% da produção mundial de café e 63% do consumo mundial.
Mudanças notáveis nos membros do governo nos últimos anos foram a retirada dos Estados Unidos em 2018, seguindo a agenda “America First” do governo Trump, a retirada de 2020 do principal produtor da América Central, Guatemala, e a retirada de 2022 do principal produtor da África Oriental, Uganda.
As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin