Por Natália Camoleze, de Campinas (SP)
A cidade de Campinas, em São Paulo, recebe até amanhã o II Fórum Mundial de Produtores de Café. Representantes de países produtores buscam debater sobre os baixos preços, sustentabilidade e novidades no setor. A primeira edição do Fórum foi na Colômbia, em 2017.
A Reforma da Previdência, que está em votação desde ontem, foi um dos destaques na fala dos governantes presentes, que tiveram que reduzir suas considerações para voltar a Brasília e assim decidir sobre o caso.
A diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira, que representa o Brasil no comitê internacional, afirmou que 1500 pessoas foram registradas no evento e mais de 60 instituições e empresas foram apoiadoras. “Um trabalho feito junto. Quero agradecer a todos pela confiança que estão depositando em nós. Começamos a pensar no projeto há quatro anos e o nível de representação aqui hoje mostra o quanto estamos seguindo o caminho certo”.
O presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, agradeceu a presença do governo e a todos os membros que participaram da organização. “O evento fará história e será de base para as futuras gerações. Iremos acertar, discutir e programar as ações para melhorar o caminho dos nossos produtores, que não tem recebido um preço justo pela produção. Momento de lutar e mostrar a situação difícil que estamos passando. Sabemos das dificuldades dos produtores e estamos em busca do reconhecimento pelo que é feito", afirmou Silas no início do Fórum. “Se não houver produção, não teremos como atender o consumidor que busca sempre por uma boa xícara de café”, concluiu.
Silas Brasileiro no II Fórum Mundial de Produtores de Café. Foto: Mariana Proença/CaféPoint
Evair de Melo, Deputado Federal, afirma que o parlamento está determinado a fazer o que tiver que ser feito para organizar a economia do País, e com isso, investimentos necessários para que façamos as correções e trazer inovações para a produção cafeeira. “Brasil tem na sua essência o café e permitiu ter um setor sério e comprometido de exportação”, afirmou. Para ele, é necessário acreditar, apostar e investir no cooperativismo. “Sem ele, não daremos nem um passo. Vamos liderar uma política de sustentabilidade no mundo do café, com doçura e qualidade para encantar o mundo todo. Atitude e coragem para o preço justo do produtor, por isso, o consumidor precisa entender o processo que o grão passa e assim levar energia e alegria a massa de consumidores e produtores”, concluiu.
Emidinho Madeira, também Deputado Federal, acredita que o produtor com renda movimenta a economia do estado. “Assumi a frente parlamentar do café. Produtores podem contar comigo. Precisamos de renovação e força de vontade para atravessar as barreiras que os produtores tem enfrentado. Para a empresa e indústria estarem bem, nosso produtor tem que estar bem. Minha prioridade sempre vai ser o produtor, pois sei das dificuldades que eles passam”.
Foto: Mariana Proença/CaféPoint
O ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, representou o presidente Jair Bolsonaro e a ministra Tereza Cristina. “Temos que ter cuidado e preocupação para mostrar ao mundo como o Brasil faz o seu produto. Precisamos unir forças, o País sozinho não resolverá a questão do café mundial. Países produtores, juntos, traremos a sustentabilidade com uma política cafeeira mundial, apresentando nossas potências, mudando patamares com responsabilidade. A eficiência dos nossos produtores resultará em um reconhecimento cada vez maior do café. Estaremos a disposição para apoio e sustentabilidade e assim a qualidade do café será de reconhecimento mundial”, afirmou o ministro.
Bopanna Manvittara Beliappa, representante da Índia, acredita que este Fórum já caminhou muito. "Traremos a sustentabilidade através do consumo. Espero que nesses dois dias possamos chegar a uma solução que privilegie a todos".
"Quem quer fazer algo, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa. Todos queremos fazer algo, por isso estamos reunidos aqui. Que nunca nos falte fé, café e amor para continuarmos”, disse Alfredo Moises, representante do México.
Para Eugênio Velez Uribe, representante da Federação dos Cafeicultores da Colômbia, o problema está bem claro. "Produtores precisam de um preço mais justo, pois o que temos hoje não paga os custos de cada produtor. Necessitamos atuar com soluções estruturais, por isso, propostas concretas e estruturais para melhorar a situação de uma forma sustentável e segura para os produtores”.