O café da espécie arábica viveu uma safra de bom volume em 2016. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou recorde em relação à produção nacional e na safra mineira o volume chegou a 30,7 milhões de sacas, também recorde, de acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Produção em Minas Gerais, em janeiro de 2017 / Foto: Café Editora
Mas, para chegar ao resultado final em volume, a cafeicultura vive um passo a passo, onde cada etapa terá reflexo ao final da colheita. Em 2016, por exemplo, produtores apontaram que em meados de maio as chuvas interferiram, derrubando frutos no chão e deixando parte da qualidade no caminho.
Para saber como está o processo de produção na safra deste ano, questionamos técnicos da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé, Cooxupé. A maior cooperativa voltada para café no Brasil reportou, com exclusividade do CaféPoint, a evolução dos frutos no campo ao longo do ciclo 2017. Confira, abaixo:
FLORADAS E INTENSIDADE
1ª florada – final de agosto/início de setembro – baixa intensidade – ocorreu apenas em lavouras novas e, predominantemente, nos ponteiros.
2ª florada – final de setembro – média/alta intensidade – ocorrência generalizada;
3ª florada – meados de outubro – média/alta intensidade – ocorrência generalizada.
Florada em São Pedro da União (MG) // Foto: Fernando Barbosa/ Arquivo pessoal
Segundo a cooperativa, o desempenho das floradas variou de região para região. Em algumas regiões a 2ª florada foi maior que a terceira, e vice-versa.
Florada em outubro de 2016 em Nova Resende (MG) // Foto: Alex Sandro / Fotos Eu no Campo
CHUMBÃO
Os técnicos explicam que, hoje, os frutos formados a partir das floradas de setembro e outubro estão com 11 a 12 semanas. A fase denominada “chumbão” está finalizada e o volume total do fruto que será preenchido pelo grão já está definido.
Safra 2017 em São Pedro da União (MG) // Foto: Fernando Barbosa/ Arquivo pessoal
GRANAÇÃO
A próxima fase, denominada “granação”, tem duração de três meses e é onde ocorre a formação do grão. Esta fase é extremamente susceptível à falta d’água. A ocorrência de veranicos neste período, entre janeiro e março, pode comprometer o tamanho (peneira) e o peso do grão (rendimento). A Cooxupé informou que, apesar das altas temperaturas, o volume de chuvas de janeiro está permitindo que o processo de granação ocorra de maneira satisfatória.
O tempo de duração de cada estádio fenológico que ocorreu após o florescimento – expansão dos frutos (chumbinho, chumbão), granação, maturação, etc - é fortemente influenciado pela altitude e pela temperatura.
Em regiões mais baixas e com maiores temperaturas os estádios são mais curtos e, nestas regiões, a maturação e a colheita ocorrerão mais cedo.
Tecnicamente as agrônomos da Cooperativa utilizam o valor de Evapotranspiração Potencial Acumulada (ETp) a partir da florada principal como referência para definir o momento em que o processo de maturação estará completo e a colheita poderá ser iniciada. O valor de ETp utilizado é de 700mm.
Na tabela abaixo você pode observar a ETp acumulada, até o segundo decêndio de janeiro, nas regiões onde a Cooxupé possui estação meteorológica.