O CNC reiterou que “entende como inaceitável e inconcebível a autorização para se importar grãos arábicas do Peru, justamente no período da entrada de safra do Brasil, o maior produtor mundial”. Além disso, a instituição pediu união do setor em propostas para estabelecer a implementação de política públicas para o café. Leia o balanço completo, abaixo:
Secretário de Defesa Agropecuária deverá ouvir produção a respeito da importação de café do Peru. Por outro lado, setor precisa unir interesses e propostas para estabelecer a implementação de políticas públicas para o café.
Importação de café
Como fruto de nossos esforços, com o envio dos ofícios CNC Nº 39/05, à ministra Kátia Abreu (clique aqui e confira), e CNC Nº 40/05, à Presidente Dilma Rousseff (clique aqui e confira), contrários à aprovação de “requisitos fitossanitários para importação de grãos (Categoria 3, Classe 9) de café (Coffea arabica L.) produzidos no Peru”, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Décio Coutinho, em entrevista concedida ontem, afirmou que irá se reunir com produtores de café nos próximos dias para entender as demandas do setor e a preocupação com a entrada de café peruano, autorizada no fim de abril. "Vou me reunir com o setor para entender o que é que estão levantando, discutir e chegar a um denominador comum e que atenda os interesses de todos", afirmou à Agência Estado.
O Conselho Nacional do Café entende como inaceitável e inconcebível a autorização para se importar grãos arábicas do Peru, justamente no período da entrada de safra do Brasil, o maior produtor mundial. Como representante do setor produtivo, o CNC alerta que esse tipo de postura, contrária à realidade mercadológica, sinalizando que não temos oferta para honrar a demanda, é extremamente danosa ao País, pois o ingresso de grãos do exterior, quando temos café para satisfazer as necessidades, pressionará ainda mais os preços da commodity, fazendo com que os produtores, já endividados, percam renda e, consequentemente, competitividade.
Dessa forma, aproveitaremos a abertura dada pelo secretário Décio Coutinho para informar que essa é uma medida extremamente negativa e que poderá retirar muitos cafeicultores da atividade. Recordando que, do ponto de vista social, a cafeicultura é a principal geradora de empregos no campo e o virtual êxodo com a perda de competitividade, infelizmente será causador do desemprego nas regiões produtoras e refletirá inchaço nas cidades, aumentando a violência urbana.
União de interesses
Neste ano, temos nos deparado com diversos absurdos relacionados aos tamanhos de nossas safras 2015 e 2016, assim como o cometido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) nesta semana, os quais temos combatido veementemente, haja vista que são infundados e demonstram a clara intenção desses agentes em depreciar ainda mais os preços já aviltados do café em detrimento da saúde financeira dos produtores.
Entretanto, outro absurdo que temos notado é a imensa quantidade de sugestões que são propostas sem embasamentos, por pessoas que integram o próprio setor produtor, criando um cenário de difícil administração e que permite ao Governo recuar no desenvolvimento e na implantação de políticas públicas, haja vista que, na teoria, o próprio segmento não se entende. Nesse sentido, o Conselho Nacional do Café recorda que os legítimos representantes da produção brasileira são o próprio CNC e a Comissão Nacional do Café da CNA, pois são a ponta final da representação cafeeira estruturada em cooperativas, associações de produtores, sindicatos e federações de agricultura.
Dessa maneira, e para o bem do setor, recomendamos que a base, sempre que tenha algo a sugerir – e as sugestões sempre são bem-vindas para debate e análises –, busque suas representações regionais e alicerce esse pleito até uma estrutura nacional, com apoio e suporte de todo o segmento, ainda que para pleitos regionais, pois somente assim teremos força e poder de argumentação para que possamos emplacar políticas públicas estruturantes.
Leilão de estoques públicos
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou, na quarta-feira, 13 de maio, dois leilões dos estoques públicos de café. O primeiro negociou toda a oferta de 13.500 sacas de 60,5 kg, o que gerou uma arrecadação de R$ 4,345 milhões a um preço médio de R$ 320,81 por saca (R$ 5,3027/kg). O produto foi colhido na safra 2008/2009 e estava em armazéns do Espírito Santo.
Já o segundo arrematou 39% da oferta total de 4.700 sacas, gerando receita de R$ 559 mil, a um preço médio de R$ 304,92 por cada saca de 60,5 kg (R$ 5,04/kg) arrematada. O CNC entende que o fato de o Governo ter ouvido o setor antes do lançamento dos avisos de venda de café dos estoques públicos foram favoráveis, uma vez que os produtos leiloados, depreciados por serem de safras antigas e não suficientemente protegidos nos armazéns em que se encontravam, estavam condizentes com os preços de abertura estipulados e com a realidade de mercado.
Mercado
Na ausência de novidades nos fundamentos, as cotações futuras do café oscilaram nesta semana influenciadas, principalmente, pelo comportamento do dólar. Os investidores também acompanham as perspectivas climáticas, já que aumentam as possibilidades de ocorrência do El Niño este ano e, consequentemente, de um inverno mais úmido na região Sudeste do Brasil. Caso esse cenário se concretize, a colheita e a qualidade dos grãos de café podem ser prejudicadas.
Em relação ao mercado cambial, indicadores que reforçam o fraco desempenho da economia dos Estados Unidos voltaram a pressionar o dólar no cenário externo, situação internalizada no Brasil. Ontem, a moeda norte-americana encerrou a sessão a R$ 2,9927, com variação pouco significativa de 0,35% na semana.
O vencimento julho do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,375 por libra-peso, acumulando alta de 285 pontos em relação ao desempenho da sexta-feira passada. Já na ICE Futures Europe, as cotações do robusta apresentaram discreta desvalorização. Ontem, o vencimento julho/2015 encerrou o pregão a US$ 1.747 por tonelada, com perdas de US$ 11 na semana.
O mercado físico brasileiro seguiu com fraca movimentação, já que os preços encontram-se aquém das expectativas dos vendedores. Na quinta, os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 425,47/saca e a R$ 291,10/saca, respectivamente, com variação de -1,2% e 0,1% em relação à última sexta-feira.
O Balanço é assinado por Silas Brasileiro, Presidente Executivo