A Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituições fundadoras do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), administrado pela Embrapa Café, escolheram esta espécie como tema de seus tradicionais eventos realizados em outubro. A UFV promove, de 08 a 10 de outubro, o 10º Encontro sobre Produção de Café com Qualidade, que nesta edição enfatiza a viabilidade e perspectivas para o conilon em áreas não tradicionais.
O VIII Curso de Atualização em Café, promovido pelo Centro de Café ´Alcides Carvalho´ (IAC), nos dias 16 e 17 de outubro, também chama a atenção para o debate sobre um modelo para implantação do café robusta no Estado de São Paulo, sobretudo em áreas marginais para o cultivo de arábica. Os eventos oferecerão aos participantes informações sobre cultivares, características fisiológicas, principais pragas e doenças, práticas culturais, entre outros aspectos técnicos e econômicos deste cultivo.
Viabilidade econômica
Até o momento, existem plantios de robusta em São Paulo e Minas Gerais somente em condições experimentais e para produção de semente, mas já foi anunciado o interesse de grupos privados neste tipo de cultivo. Mais produtivo e com custo menor de produção, à primeira vista o robusta é garantia de sucesso. Embora se mostre como alternativa atraente para regiões não tradicionais, deve ser levado em conta a falta de preparo do cafeicultor, sobretudo na propriedade familiar, para o cultivo comercial de uma espécie que demanda outro sistema de produção, desde o plantio ao pós-colheita.
Enquanto a variedade arábica pede altas altitudes e clima ameno, a variedade robusta vai bem a altitudes baixas e temperaturas mais altas, além de ser mais resistente a doenças. Em artigo apresentado na 22nd International Conference on Coffee Science - ASIC 2008, pesquisadores do IAC e do Instituto de Economia Agrícola (IEA) alertam que em determinadas regiões são exigidos investimentos em irrigação e sistemas de quebra-vento, além do risco de baixas temperaturas em períodos críticos da cultura.
Um projeto de implantação do robusta no Estado demandaria estudos sobre um adequado manejo da lavoura, com especial atenção à adubação, espaçamento, podas, irrigação, colheita e secagem, além de estudos para a verificação da adaptação de cultivares.
O conilon ganha novo status
Marginalizado como bebida inferior ao do café arábica, o pacote tecnológico desenvolvido para o cultivo do conilon, sobretudo no Estado do Espírito Santo, já permite se falar em café de qualidade, particularmente do conilon CD (cereja descascado). Esta nova realidade favorece o Brasil, já que é o segundo maior produtor e o terceiro maior exportador de café robusta, com produção em torno de 10 milhões de sacas, o que representa 23% da produção mundial. O Espírito Santo responde por mais de 72% da produção nacional, seguido por Rondônia, próximo a 13%.
Com a implantação de cultivares melhoradas e adoção de tecnologias adequadas, a cafeicultura capixaba experimentou um expressivo aumento da produção estadual e produtividade. Do ano 2000 a 2006, a produção estadual passou de 4,5 milhões de sacas para 6,9 milhões de sacas, um crescimento de 52,9%, enquanto a produtividade média saltou 15,39 sacas/ha para 24,12 sacas/ha no mesmo período.
Tal crescimento pode ser atribuído ao desenvolvimento de tecnologias geradas e difundidas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), com apoio do CBP&D/Café, onde a pesquisa com o conilon é tradicional e vem sendo conduzida desde 1985. Este resultado chama a atenção de centros de pesquisa em Minas e São Paulo, como incentivo para o desenvolvimento de pacotes tecnológicos alternativos e viáveis para o sucesso do café robusta em novas fronteiras.
Flor de Coffea canephora
Informações e programação completa dos cursos
VIII Curso de Atualização em Café
Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café "Alcides Carvalho"
Fone: (19) 3212-0458 / 3241-5188 ramal: 370
10º Encontro sobre Produção de Café com Qualidade
Departamento de Fitopatologia (UFV)
Fone: (31) 3899-1094
As informações são de Cibele Aguiar, da Embrapa.