Para dar voz e avaliar a maturidade dos produtores rurais, além dos principais problemas e dificuldades que enfrentam no processo de exportação de produtos agrícolas, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Agroconsult, realiza a pesquisa “Desafios à internacionalização do Agro Brasileiro”.
A iniciativa busca mapear os principais gargalos existentes na estrutura produtiva e na política comercial brasileira, que impedem ou dificultam a inserção do produtor rural às cadeias globais de valor. A pesquisa permitirá a compreensão dos problemas e servirá como orientação para propor ações que visem solucionar e facilitar a internacionalização do setor por meio da atuação do Sistema CNA/Senar junto ao setor privado e ao Governo Federal.
A pesquisa, disponível até 3 de setembro, tem como público-alvo os pequenos, médios e grandes produtores rurais das 27 unidades da federação e dos mais diversos segmentos do agronegócio. Para participar, clique aqui. “É importante a participação na pesquisa de produtores de diversos estados, culturas e experiências de exportação. Até mesmo quem não exporta deve responder à pesquisa porque esses produtores podem apontar questões estruturais que impedem ou dificultam a exportação”, explica Debora Simões, sócia da Agroconsult.
Responsável por 48% das exportações brasileiras e pelo superávit comercial do país, o agro ganha relevância no aspecto regional por sua representatividade na balança comercial de vários estados. Nos últimos anos, o Brasil vem ampliando o número de parceiros comerciais e, em 2022, os produtos agrícolas brasileiros desembarcaram em 220 países. Apesar da diversificação de destino, nossos três principais parceiros comerciais (China, Estados Unidos e Países Baixos) representam 41% das nossas exportações, sendo somente a China responsável por 34% do total dos embarques brasileiros. Analisando a pauta exportadora, observa-se, também, a grande participação de soja, milho, carne bovina, açúcar e café. Juntos, os cinco produtos representam 55% das exportações agrícolas.
O Índice de Diversificação Setorial (GSDI) brasileiro mostra que, de fato, a pauta de exportação do país é mais concentrada que a de outros países exportadores de produtos agrícolas – enquanto o indicador brasileiro é de 0,23, União Europeia, Estados Unidos e China detém um índice de 0,56, 0,54 e 0,34, respectivamente (lembrando que, quanto mais próximo de 1 estiver o índice, mais diversificada é a pauta exportadora do país). “A liderança global que já atingimos em alguns produtos deve ser celebrada. Porém, a elevada concentração de produtos na pauta de exportação pode indicar dificuldades dos agricultores brasileiros em diversificar e agregar valor em especial aos produtos que não são as principais commodities, seja por questões internas – como logística e aspectos regulatórios e tributários – por barreiras e exigências impostas por outros países, falta de clareza e consistência nas ações de promoção comercial ou mesmo desconhecimento e dificuldades iniciais com relação aos processos para abrir mercados” afirma Débora.