O Brasil será, na próxima terça-feira, 13, o centro das atenções dos principais compradores de cafés especiais dos Estados Unidos, Europa e Ásia. Neste dia, a partir das 12h00 (horário de Brasília), será realizado o concorrido leilão, via internet, do Cup of Excellence, quando estarão à venda os 32 lotes finalistas do 9º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, evento realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês) e pela ACE - Alliance for Coffee Excellence.

Com preço mínimo de abertura de US$ 2,0 por libra/peso, o leilão poderá resultar em lances recordes, de acordo com as expectativas da BSCA. "Os lotes são pequenos, em média com 20-30 sacas cada, o que puxa os preços, e os cafés são de altíssima qualidade", diz Gabriel Carvalho Dias, presidente da entidade. O leilão poderá ser acompanhado on line, clique aqui.

O campeão do 9º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil foi o produtor Ralph de Castro Junqueira, de Carmo de Minas (região Sul de Minas Gerais). Seu lote de café Cereja Descascado das variedades Bourbon e Catucai obteve do júri internacional a nota 93,650, numa escala de 0 a 100. Em segundo lugar ficou o produtor paulista Homero Teixeira de Macedo Júnior, da Fazenda Recreio, de São Sebastião da Grama (região do Vale da Grama, em São Paulo). Seu lote de café Cereja Descascado da variedade Bourbon Amarelo recebeu nota 90,000. Por terem obtido nota igual ou superior a 90, os dois produtores receberam também o Prêmio Presidencial.

Alta qualidade

Todos os 32 lotes vencedores são cafés que obtiveram 84 pontos ou mais em cada prova cega de xícara (avaliação sensorial) no decorrer das etapas Nacional e Internacional do concurso, realizadas em novembro passado, nas semanas de 3 a 7 e de 10 a 14, respectivamente. "Estes cafés foram analisados pelo menos 5 vezes", diz Sílvio Leite, da Agricafé, responsável pela coordenação do concurso.

Todas as etapas foram realizadas no CEC - Centro de Excelência de Café do Sul de Minas, em Machado. Das 273 amostras inscritas, foram pré-selecionadas 102 que passaram pelo crivo do Júri Nacional. Desse total, apenas 43 seguiram para a fase internacional, que selecionou os 32 lotes finalistas. Esse ano, os 12 integrantes do Júri Nacional foram selecionados e aprovados em concurso realizado pela ACE, que contou com mais de 40 inscritos. Já os membros do Júri Internacional foram os profissionais de compra de lojas e torrefadoras de diversos países. O juiz principal de todas as etapas do certame foi Erwin Mierisch, diretor de Operações da ACE.

Concurso e COE

Considerado fundamental para a promoção dos cafés especiais brasileiros junto aos compradores mundiais, e uma das principais estratégias que incentivaram os cafeicultores a investirem na qualidade de sua produção, o Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, organizado pela BSCA desde 1999, foi criado como resultado do Projeto Café Gourmet da OIC - Organização Internacional do Café e da Organização Mundial do Comércio.

A metodologia foi introduzida no Brasil a partir de 1997 por George Howell, então consultor do projeto e, com a colaboração de provadores brasileiros, foi sendo aprimorada até resultar na folha de provas que é utilizada hoje, e que consiste em avaliar e classificar, de forma sensorial, a qualidade global do café na xícara.

Nos primeiros anos, apenas o Brasil possuía esse concurso. Mas outros países começaram a se interessar pelo programa. Em 2002 a BSCA autorizou a utilização da marca e das regras brasileiras por outros países, e colaborou com a criação da ACE - Alliance for Coffee Excelence, organização sem fins lucrativos que passou a gerenciar o programa. Hoje participam, além do Brasil, oito países: Bolívia, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Honduras, Ruanda e Colômbia.

Preço Recorde

O maior preço obtido no Cup of Excellence aconteceu no pregão realizado em 10 de janeiro de 2006, quando o lote de 12 sacas de café Bourbon do campeão do 7º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil (2005), o produtor Francisco Isidro Dias Pereira, da Fazenda Santa Inês, de Carmo de Minas (MG), foi arrematado por R$ 178.471,72 , ou R$ 14.872,90 a saca de 60 kg.

A título de comparação, naquela data, o preço do café tipo 6 no mercado interno era de R$ 240,00 por saca, e o café fino exportação tipo NY2 estava cotado em R$ 290,00 por saca. Os compradores foram duas pequenas lojas de cafés: a australiana Michels Espresso (Instaurator), e a canadense Caffe Artigiano.

Clique aqui para conhecer os finalistas do 9° Concurso de Qualidade Cafés do Brasil