Por Silvane Brand, da ESALQ-USP
A mancha-de-phoma é uma doença causada pelo fungo do gênero Phoma spp., o mesmo que afeta diversos órgãos da planta, tais como folhas, ramos, flores e frutos (Figura 1).
Os sintomas mais comuns nas folhas são necrose e desfolha na cultura do café; nos ramos, é mais comum que ocorra a seca. Ambos, no entanto, diminuem a fotossíntese da planta e, consequentemente, a sua produção.
Nas flores, por exemplo, a consequência é queda e morte dos botões florais, além de má granação. Nos frutos pode acarretar a mumificação dos mesmos, além de lesões e um menor número de frutos, o que impacta negativamente na produção.
Figura 1. Sintomas da mancha de phoma nas folhas, ramos e frutos na cultura do café. Fonte: Souza (2007)
As condições climáticas que geralmente favorecem o desenvolvimento da doença nos cafezais são temperaturas médias entre 17 a 22 °C, mais amenas, aliadas a elevada umidade relativa do ar, já que a presença de molhamento foliar é fundamental para o desenvolvimento. Portanto, tanto o orvalho como a chuva condicionam um microclima mais favorável ao desenvolvimento da mancha-de-phoma nos cafezais.
Considerando-se que a mancha-de-phoma exige temperaturas amenas e alta umidade, as regiões produtoras com altitudes acima de 900 m são aquelas mais favoráveis para a ocorrência dessa doença, especialmente no inverno, mas também no outono e primavera, quando as temperaturas são mais amenas.
A formação de orvalho é mais intensa nestas épocas e as chuvas ocorrem com certa frequência. Além disso, outra condição que favorece o desenvolvimento da mancha-de-phoma é a ocorrência de ventos frios, que contribui para que a temperatura seja mais adequada ao seu desenvolvimento, além de poder ocasionar ferimentos que facilitam a penetração do fungo nos tecidos das plantas.
Previsão climática e os riscos de ocorrência da mancha-de-phoma na lavoura de café
Considerando-se a previsão climática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para o próximo trimestre (maio, junho e julho – Figura 2), observa-se uma tendência de chuvas e temperaturas acima do normal para as regiões cafeeiras de Minas Gerais (Sul de Minas e Cerrado Mineiro).
Com isso, o risco de ocorrência de mancha-de-phoma deverá se concentrar nas áreas de maior altitude, como no Sul de Minas. Por outro lado, no Cerrado Mineiro, apesar das chuvas mais elevadas, a temperatura deverá limitar o avanço da doença, assim como também deverá ocorrer nas áreas produtoras do Espírito Santo, onde o tempo seco e quente deverá prevalecer inibindo a proliferação do fungo.
Figura 2. Previsão de precipitação (A) e temperatura (B) para os meses de maio, junho e julho de 2019. Fonte: INMET
Com base nessas informações, recomenda-se maior atenção ao controle químico pós-colheita e pré-florada nas áreas de maior risco, ou seja, de maior altitude, de modo a garantir uma menor ocorrência da doença ao longo da próxima safra.
Por fim, os produtores devem atentar-se para a realização de uma adubação nitrogenada mais equilibrada, evitando que a doença se instale nos cafezais por conta de aplicações em excesso e tecidos das plantas mais tenros, condições favoráveis para a proliferação.
Referências:
1. MANUAL DO CAFÉ Distúrbios fisiológicos, pragas e doenças do cafeeiro
2. Manejo de mancha de Phoma no cafeeiro
3. INMET – Previsão sazonal para precipitação e temperatura
4. Sintomas de manchas de Phoma, nos ramos e grãos do cafeeiro traz prejuízos no cerrado
5. Manejo integrado da mancha de phoma no cafeeiro