Durante muito tempo, as pesquisas nacionais e internacionais sobre nutrição de plantas estiveram dirigidas ao nitrogênio, fósforo e potássio, deixando em segundo plano o magnésio, o cálcio e o enxofre [1], [2]. Por isso, os agricultores brasileiros foram motivados ao uso da adubação contendo os três primeiros macronutrientes, através das consagradas fórmulas NPK.
O magnésio era considerado, até pouco tempo, um elemento mundialmente esquecido na nutrição vegetal [3]–[6]. Vivenciamos o momento que podemos chamar “a redescoberta do magnésio na agricultura”.
O emprego do magnésio em pequena proporção na adubação, através do uso de calcários dolomíticos e calcíticos, nos quais a relação Ca/Mg geralmente não consegue equilibrar as bases na solução do solo, o uso de doses pesadas de potássio, induzindo a deficiência do magnésio, concomitante ao aumento da produtividade das culturas e consequente elevação da exigência e exportação de Mg, têm contribuído para que ocorra uma sensível carência de magnésio em vários polos agrícolas nacionais.
Pela lei do mínimo, o crescimento e a produtividade das lavouras podem ficar limitados por apenas um ou poucos nutrientes, que se encontram em quantidades insuficientes, de nada adiantando ter aplicado muito dos demais.
Pesquisadores de renomadas instituições agrícolas do Brasil questionam a adequação da denominação “macronutriente secundário”, dando a impressão que o magnésio é menos importante do que nitrogênio, fósforo e potássio, o que é um grande equívoco.
Malavolta, para contornar o imbróglio decorrente dessa classificação da legislação sobre fertilizantes, escreveu: “o magnésio é classificado como um nutriente secundário, mas ele tem um efeito primário na produção vegetal e animal” [7]. Do ponto de vista da nutrição vegetal, nenhum nutriente pode ser considerado secundário [8].
Em princípio, existem duas razões para que a deficiência de magnésio ocorra: a deficiência absoluta, que corresponde à falta do nutriente no solo, e a induzida, gerada pela competição ou antagonismo com outros cátions, mesmo que o nutriente esteja presente em níveis adequados no solo. Os sintomas de deficiência de magnésio têm sido cada vez mais frequentes em lavouras cafeeiras [9]–[11], principalmente naquelas que recebem adubações potássicas elevadas, decorrentes do uso rotineiro, que não levam em consideração os resultados de análise do solo. Em 2010, Matiello [12], utilizando 6.500 amostras de folhas de café coletadas nas regiões de Minas Gerais e São Paulo, Figura 1, constatou que 66% das amostras apresentavam-se deficientes em magnésio, ou seja, com teor foliar abaixo considerado adequado para o cafeeiro de 0,35% Mg.
Figura 1. Carência de magnésio, com amarelecimento entre nervuras e sinais de necrose das folhas velhas em Alfenas, MG [10].
A maximização da produtividade, de qualquer cultura, passa necessariamente pelo estabelecimento de uma nova percepção e consciência em relação à nutrição do magnésio para as plantas.
Seria o magnésio o seu elo mais fraco?
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Referências Bibliográficas
[1] A. Gransee and H. Führs, “Magnesium mobility in soils as a challenge for soil and plant analysis, magnesium fertilization and root uptake under adverse growth conditions,” Plant and Soil, vol. 368, no. 1–2. pp. 5–21, 2013.
[2] E. Malavolta, Potássio, magnésio e enxofre nos solos e culturas brasileiras, 4th ed. Piracicaba, SP: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1984.
[3] I. Cakmak and A. M. Yazici, “Magnésio - Um elemento esquecido na produção agrícola,” Informações Agronômicas, no. 132, pp. 14–16, 2010.
[4] I. Cakmak and A. M. Yazici, “Magnesium: A Forgotten Element in Crop Production,” Better Crop., vol. 94, no. 2, pp. 23–25, 2010.
[5] W. Guo, H. Nazim, Z. Liang, and D. Yang, “Magnesium deficiency in plants: An urgent problem,” Crop J., vol. 4, no. 2, pp. 83–91, 2016.
[6] J. McHoul, “Magnesium – the forgotten nutrient,” Agronomist, p. 21, 2006.
[7] E. Malavolta, “Magnésio - é uma regra (sem excessão), o magnésio é exigido por todas as culturas,” Arquivo do Agrônomo, vol. 10, pp. 9–10, 1996.
[8] P. O. Martins, “Eficiência de fontes, dinâmica do magnésio no solo sob culturas do café no Brasil e comparaçào da análise de K, Ca, e Mg em solos do Arkansas-EUA seco em estufa e úmido de campo,” Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz,” 2016.
[9] K. G. de Li. Dias, “Nutrição, Bioquímica e Fisiologia de Cafeeiros Supridos com Magnésio,” UFLA, Lavras - MG, 2015.
[10] J. B. Matiello, “Novamente o magnésio muito deficiente e desfolhando cafezais,” 2015. [Online]. Available: https://www.cafepoint.com.br/radares-tecnicos/folha-procafe/novamente-o-magnesio-muito-deficiente-e-desfolhando-cafezais-94466n.aspx.
[11] F. P. Almeida, F. J. Lima, and R. N. S. Amaral, “Avaliação da fertilidade do solo em lavouras cafeeiras do cerrado da Bahia,” Bahia Agrícola, vol. 7, no. 2, pp. 73–75, 2006.
[12] J. B. Matiello, R. Santinato, A. W. R. Garcia, and S. R. Almeida, Cultura de café no Brasil - Manual de Recomendações, 7th ed. Varginha - MG: Fundação Procafé, 2015.
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Autores
Emílio Lobato
José Neto Soares Filho
IBAR NORDESTE – www.ibarnordeste.com.br/agromag