Mesmo o cenário do ano passado sendo de déficit hídrico, altas temperaturas, e com previsão de quebra de 30% em relação a última safra, aqui no Sul de Minas iniciamos janeiro de 2021 com alto índice de chuvas, o que, na minha visão, está ajudando e muito o cafeeiro.
Os grãos vinham sofrendo uma rápida expansão na lavoura. As chuvas podem ter atrasado alguns, por outro lado, ajudou a segurar outros. Alguns exemplos de casos em que essas chuvas estão ajudando o cafeeiro a se recuperar após o déficit hídrico são:
- Plantas mais jovens que possuem raízes menos profundas;
- Arbustos mais velhos que sofrem mais por conta de vegetar e produzir;
- Lavouras renovadas - sofrem menos por estarem na fase vegetativa, mas também é beneficiada;
- Aquelas em faces expostas ao sol;
- Topo de morros e até áreas irrigadas estão sendo beneficiadas com essas chuvas.
Foto: Arquivo pessoal Leonardo Custódio
O cafeeiro, assim como todas as outras plantas, possuem ciclos biológicos, processos que envolvem diferentes etapas, sendo influenciado por fatores internos (genótipo) e externos (ambiente). Os fatores mais críticos para a fenologia do cafeeiro são: temperatura, fotoperíodo e ritmo das chuvas.
De acordo com Camargo e Camargo (2001), o ciclo fenológico dos cafeeiros da espécie Coffea arábica L. possuem uma sucessão de fases. Propõem um esquema de seis fases entre vegetativas e reprodutivas, que ocorrem aproximadamente de 2 em 2 anos, dependendo das condições climáticas do Brasil e agro meteorológicas de cada ano.
Sendo assim, citarei sobre a expansão dos frutos que fecha a fase de florada e chumbinhos, e antecede a granação. Temos que torcer para as chuvas regulares nos meses de fevereiro e março, para que não se repita o que ocorreu em 2014, problemas de chochamento dos grãos, frutos mais leves que passem no boinha e índice maior de moquinha, problemas resultantes de déficit hídrico (seca) do ano anterior. Isso não é regra, depende de região e dos tratos culturais de cada produtor.
Foto: Arquivo pessoal Leonardo Custódio
O cuidado tem que ser dobrado nos próximos 25 dias, pois o risco da broca se alojar no fruto é grande. Como os grãos estão saindo da fase aquoso, passando para fase de granação, é o momento que ela se aloja e fazemos o controle químico, porém, existe o período de carência que deve ser respeitado. O produtor terá que estar muito ciente dos níveis químicos e exigências de outros países. Acredito que vai ter uma maior exigência em relação ao tempo de carência no uso de controles químicos daqui para frente, pois existe um Limite Máximo de Resíduos (LMR) para cada agroquímico permitido pelos países compradores de café especial.
Foto: Arquivo pessoal Leonardo Custódio
Uma dica: por conta do alto índice de chuvas que estamos tendo, muitas lavouras se destacam em vigor e até crescimento, porém, por conta da seca de 2020 que prejudicou a safra de 2021 e boa parte da safra de 2022, o produtor não pode tirar a mão da adubação e dos tratos culturais, para evitar uma perda na produtividade no próximo ano.