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Zinco, em falta ou excesso, afeta desenvolvimento inicial do cafeeiro

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

FOLHA PROCAFÉ

EM 04/12/2019

3 MIN DE LEITURA

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Um dos problemas enfrentados na renovação de lavouras de café é o desequilíbrio de nutrientes no solo, que pode levar a deficiências ou toxicidades. As adubações sucessivas, principalmente de micronutrientes como o zinco, levam a um acúmulo do elemento no solo, que não chega a ser prejudicial para a lavoura adulta, mas que pode ser danosa para a nova lavoura a ser implantada na área.

Com o objetivo de determinar a influência do zinco em plantas jovens de cafeeiro, determinando as doses tóxicas e essenciais para a cultura, e comparadas com áreas antes cultivadas, por muitos anos, com o próprio café e milho, foi conduzido um experimento, no período de janeiro a outubro de 2018, em casa de vegetação, na Fazenda Experimental da Fundação Procafe, em Varginha (MG). Foi utilizado um solo proveniente de área de pousio apresentando teor de zinco baixo (0,2 mg/dm³). Este solo foi equilibrado e corrigido com todos os nutrientes, à exceção do Zn, conforme recomendações usuais, e, após um período de incubação, em torno de 45 dias, foi realizada a aplicação dos tratamentos e posteriormente o transplante de mudas de café de raízes nuas. Paralelamente a utilização desse solo de pousio, para avaliar o efeito de doses crescentes de Zinco, foram coletados mais dois tipos de solos: o primeiro de área antes cultivada por muitos anos com café, que apresentava um teor de Zinco de 5,4 mg/dm³, e o segundo foi proveniente de uma área cultivada com milho, sucessivamente também por muitos anos, tendo o solo o teor de 4,6 mg/dm³ de zinco. Esses solos foram submetidos aos mesmos processos de correção do solo de pousio.

Foram ensaiadas doses crescentes de zinco, sendo: T1 - 0; T2 - 150, T3 - 300, T4 - 450 e T6 - 600 mg/dm³. Em paralelo foram adicionados mais solos de lavoura de café (T7) e de milho (T8). Os dados obtidos sobre o crescimento das mudas foram submetidos ao teste de regressão. Os resultados estão apresentados na figura 1 e podem ser visualizados na figura 2.

Foi possível observar que as mudas de cafeeiro, ao serem expostas a doses baixas de zinco, tendo em vista que foi utilizado um solo com praticamente nada desse elemento, 0,2 mg/dm³, mostraram um incremento no seu desenvolvimento, sendo o melhor tratamento a aplicação de 150 mg/dm³ de sulfato de zinco. No entanto, quando foi aumentada demais a dose de zinco aplicada, houve um decréscimo no desenvolvimento das plantas.

Quando se comparou o efeito das doses testadas em relação aos tratamentos, compreendendo solos oriundos de milho e principalmente café, verificou-se maiores dificuldades de desenvolvimento das mudas de cafeeiro nestes solos, sendo até mais prejudicial que altas doses de Zn aplicadas em solo pobre. Isso se deve, provavelmente, porque parte do zinco aplicado nos tratamentos em solo pobre pode ter sido complexado, já nos solos coletados, em área de milho e café, o zinco estava totalmente disponível. Concluiu-se que: o zinco em pequenas quantidades é um nutriente benéfico para o desenvolvimento inicial do cafeeiro, porém, quando em excesso no solo, retarda o desenvolvimento das plantas. Assim, antes de iniciar o plantio de uma nova lavoura de café, deve-se atentar aos teores de zinco já presentes no solo, especialmente se a área tiver o histórico de cultivos anteriores onde boas quantidades desse nutriente tenham sido aplicadas, tudo visando adotar os cuidados necessários antes de fazer adubações suplementares com este nutriente.



Figura 1: Altura de plantas (cm) de cafeeiro submetidas às doses de zinco e cultivadas em solos coletados em lavoura de milho e café. Varginha (MG), 2019


Figura 2: Efeito de doses de ZnSO4 e de solos oriundos de áreas de milho e de café sobre o desenvolvimento de mudas de cafeeiros.

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