A roseliniose é uma doença de menor importância na lavoura cafeeira, porém, sob determinadas condições, como vem ocorrendo em regiões de cafeicultura de montanha no estado do Espírito Santo, pode causar sérios prejuízos, pois leva à morte de plantas em parte significativa e crescente do cafezal.
A roseliniose também é conhecida como mal de 4 anos, pois ela aparece na medida em que a matéria orgânica, de tocos de árvores ou de suas raízes, onde o fungo se desenvolve, entra em estado de decomposição. Isso era normal no passado, quando se derrubava a mata para plantar café. Atualmente, o ataque pode aparecer em função da permanência de tocos ou pequenas raízes dos próprios cafeeiros erradicados e que apodrecem - por isso também pode ocorrer mais cedo, mesmo em cafeeiros novos, nas áreas de substituição de lavouras.
As espécies de Rosellinea mais comuns em cafeeiros são a R. pepo e R. bunodes. Fungos do gênero Rosellinea causam podridão também em outras espécies arbóreas, como o cacaueiro, a erva mate, a macieira, a videira, etc. O ataque evolui a partir do caminhamento das rizomorfas ou cordões miceliais (feixes de hifas filamentosas e com paredes espessas semelhantes a raízes), estruturas do fungo que crescem horizontalmente no solo, indo de uma planta infectada até atingir a vizinha. Por essa condição, o ataque sempre ocorre em reboleiras.
O objetivo desta nota técnica é o de relatar a condição grave de ocorrência de roseliniose em cafeeiros na região de Marechal Floriano (ES), cuja seriedade foi possível de ser observada até através de imagens de satélite. Ali, em lavoura da cultivar catuaí vermelho IAC-44, com brota de recepa no 6º ano, feita sobre lavoura de 21 anos de idade, os sintomas típicos iniciam por um amarelecimento geral do cafeeiro, como se estivesse com carência nutricional. Depois a planta começa a murchar, as folhas secam e a planta acaba morrendo, formando áreas de falhas na lavoura, as quais, conforme pode ser verificado na foto 1, já ocupam boa proporção da lavoura e continuam crescendo. Somando as áreas onde houve morte de plantas nessa lavoura, já totalizam cerca de 1,5 ha. Ao arrancar as plantas atacadas, pode-se ver, na região do colo e sobre a parte inicial da raiz primária, a casca solta, apodrecida e sob ela aparecem rizomorfas, micélios escuros. Nas plantas com ataque inicial foi verificada a presença, sob a casa, de um micélio ainda branco.
Um dos maiores problemas da roseliniose é a inexistência de um controle químico eficiente, restando apenas medidas de controle cultural para prevenir ou reduzir sua evolução. Dentre estas, podem ser praticadas: o arranquio e queima de plantas afetadas para reduzir o inóculo, a aplicação de cal dolomitica no local do arranquio para minimizar a reprodução do fungo, e, conforme trabalho recente, divulgado pelo autor, pode ser feita uma vala, de cerca de uns 40 cm de profundidade, para cercar o caminhamento lateral do fungo das suas rizomorfas.
Foto 1- Manchas assinaladas correspondentes às áreas onde a roseliniose provocou a morte de plantas e muitas falhas na lavoura, em Marechal Floriano (ES). Estas áreas já são visíveis em imagem de satélite, outras, ainda pequenas, começam a aparecer, mostrando a gravidade da doença
Detalhe dos cafeeiros junto a um foco atacado pela roseliniose. Pode-se ver, na frente, cinco plantas já mortas e, em seguida, na mesma linha, uma planta amarelada, já com os sintomas iniciais do ataque pela doença - Marechal Floriano (ES), abril/2020
Debaixo da casca junto à raiz principal das plantas mortas pode-se ver uma massa branca do fungo (esq.) e no lenho pontuações escuras (dir.), por efeito do ataque de roseliniose