Os prejuízos com a ferrugem do cafeeiro são elevados, porém variáveis de ano para ano conforme o ciclo de produção das lavouras. A ferrugem é a doença mais importante nos cafezais. Sem controle, ela causa perdas na produtividade das plantas através de três condições desfavoráveis: 1- As lesões do fungo cobrem parcialmente as folhas, reduzindo sua capacidade de fotossíntese; 2- As infecções nas folhas, por induzirem a formação de etileno, aceleram sua queda, provocando desfolhas severas; 3- As desfolhas provocam a seca de ramos e, com a perda gradativa de ramagem, reduzem a capacidade produtiva das plantas, chegando até, em casos graves, a provocar a antecipação de podas.
Os fatores que favorecem a ferrugem são ligados ao clima, ao inóculo inicial, às condições de cultivo (variedade, espaçamento, nutrição, etc) e, principalmente, à produtividade dos cafeeiros. Quanto mais produtiva a lavoura, maior vai ser a infecção pela ferrugem, isso porque as plantas com carga deslocam reservas para os frutos e, assim, as folhas ficam mais susceptíveis.
A condição de bienalidade produtiva na cafeicultura brasileira, com anos de safra baixa e alta se alternando, influi no ataque da ferrugem, e, consequentemente, nos prejuízos pela doença. O gráfico da figura 1 mostra como a ferrugem evolui de forma diferencial em 2 anos ou ciclos consecutivos, em função das safras. Verifica-se que, na área de lavoura experimental avaliada, em 2017/2018, a evolução da doença foi menor em função de ser um ano de pouca safra, e, em 2018/2019, ela atingiu índices de infecção bem mais altos em decorrência do ano de safra maior.
No início, quando a ferrugem ocorreu no Brasil, em 1970, imaginava-se, pelas informações vindas de países africanos, que a doença iria provocar perdas cumulativas e causar até a morte de cafeeiros. Mas logo foi verificado que a ferrugem provoca a redução da produção, do ano seguinte, de uma lavoura que não recebeu controle naquele ano. No próximo ciclo, essa mesma lavoura, ao ficar com pouca safra, vai ter condições para que as plantas se recuperem e, assim, voltem a produzir bem, diluindo os prejuízos médios com a doença.
A tabela 1, com resumo dos dados de produtividade em cafeeiros, com e sem controle da ferrugem, mostram bem a influência do ciclo produtivo nas perdas anuais pela ferrugem. Pode-se verificar que em seis safras avaliadas após início do controle, em três foram registradas perdas severas pela ferrugem (1ª, 3ª e 5ª) e nas outras três (2ª, 4ª e 6ª), com a recuperação das plantas afetadas, foram observados até pequenos ganhos na comparação das produtividades, entre cafeeiros não tratados e os tratados contra a doença. Isso atenua a perda média nas seis safras, que ficou na faixa de 35%, mesmo assim uma redução bastante significativa. Ensaio mais recente, conduzido por oito safras, comparando programas completos de controle (via solo e foliar), resultou em produtividade média de 35,1 sacas nas plantas sem controle, contra 52,7 nas controladas, representando uma perda média de 33,4%.
Observando as modalidades e a intensidade dos danos causados pela ferrugem em cafeeiros, fica evidente a necessidade de manter a doença sob controle, seja pelo uso de produtos fungicidas, seja através do uso de variedades resistentes.
Tabela 1- Efeito do controle da ferrugem na produção do cafeeiro, a mais longo prazo, em seis safras úteis, após início do controle – C. R. Claro (MG), 2002
Figura 1- Infecção pela ferrugem em cafeeiros, em dois anos agrícolas sucessivos, de baixa e alta produção - na Fazenda Experimental em Varginha (MG). Fonte: Boletins de avisos da Fundação Procafé
As lesões da ferrugem cobrem boa parte da folha e reduzem a fotossíntese. Com a produção de etileno, provocam a desfolha da planta, prejudicando a produção no ano seguinte