Cafeeiros do material genético denominado siriema, que vem sendo desenvolvido para resistência ao bicho-mineiro, tem demonstrado, em novas gerações, um bom nível de resistência.
O material do siriema abrange híbridos, em gerações avançadas, entre cafeeiros das espécies Coffea arabica (Blue Mountain) e C. racemosa, retrocruzadas com mundo novo, trabalho iniciado na década de 1970, depois recebendo novos cruzamentos, com catimor, visando redução do porte das plantas e incorporação também de resistência à ferrugem.
O trabalho de seleção de cafeeiros siriema, que incorpora resistência múltipla ao material, além de combinar boa produtividade das plantas, tem sido prioritário no programa de melhoramento genético em execução na Fundação Procafé, contando com a colaboração da Fazenda Santo Antonio, de Coromandel (MG). Neste trabalho, já foi derivada a geração F8.
Bons resultados têm sido obtidos das sucessivas seleções, com obtenção de plantas matrizes excelentes, quanto à resistência múltipla e com produtividade semelhante aos padrões comerciais, como o catuaí. Todas essas seleções de siriema são de porte baixo, algumas de frutos amarelos, outras de vermelhos.
Na reprodução dessas matrizes, visando sua multiplicação e distribuição aos produtores, foram adotadas duas linhas – a via vegetativa, através de mudas clonais, e a via seminal. Clones estão sendo multiplicados e também cultivares que podem ser reproduzidas por sementes. No caso de sementes, foi registrada a cultivar siriema AS1, que apresenta homozigose para resistência ao bicho-mineiro, e, no campo, sua resistência tem sido total. Raramente aparecem algumas plantas susceptíveis, porém logo se nota que se trata de algum híbrido com material susceptível. Ela tem plantas de copa estreita e é indicada para plantios mais adensados.
Novas matrizes selecionadas, de melhores características produtivas do que a cultivar AS1, vem sendo derivadas por sementes. Algumas delas têm se mostrado muito promissoras. Duas dessas progênies de siriema selecionadas foram colocadas em campo de observação, com plantio em maior escala. Nessa área, em agosto/setembro de 2022, houve forte ataque de bicho-mineiro, devido ao longo período de estiagem. Em fins de setembro, foi avaliado o percentual de plantas livres do ataque, sem quaisquer minas nas folhas. Na progênie de uma matriz de frutos amarelos, eram 560 plantas e apenas 102 se apresentaram susceptíveis, portanto, com 82% de resistentes. A matriz de frutos vermelhos tinha 1.042 plantas e 272 eram susceptíveis em campo, com 74% de resistência. Também foi feita a observação do ataque em linhas vizinhas, com a cultivar mundo novo.
O bom nível de resistência verificado, na descendência das duas matrizes de siriema, indica que é possível a sua reprodução por sementes. Isto porque a resistência do material de siriema ao bicho-mineiro é considerada com o mecanismo de antibiose. As folhas das plantas resistentes são muito ovipositadas pelas fêmeas do bicho-mineiro, depois vem uma alta mortalidade larval e, também, minas pequenas e filiformes, sinais característicos desse mecanismo de defesa das plantas. Com esse mecanismo, um alto percentual de plantas resistentes acaba defendendo as eventuais susceptíveis.
À esquerda, planta de siriema resistente, e, à direita, planta suscetível de cultivar mundo novo, em área contígua