As brotações que voltam a aparecer em cafeeiros novos, depois de atingidos por geadas, devem ser adequadamente conduzidas para a boa recuperação das plantas.
As geadas de julho/21 atingiram as lavouras de café em diversas regiões nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Foram observados danos em diversos níveis – leves, moderados e severos, tanto em lavouras adultas como em cafeeiros novos.
O efeito de queima pelo frio se mostra mais pronunciado em cafeeiros novos, pois, além de vegetarem mais próximo ao solo, portanto perto da camada de ar mais fria, eles oferecem pouca proteção aos ramos e tronco, devido à copa das plantas ainda estar pouco desenvolvida. Deste modo, cafeeiros jovens ficam mais sujeitos a serem atingidos até o tronco e, em muitos casos, chegam até a morrer, exigindo replantios.
A recuperação de cafeeiros novos no pós-geada envolve, principalmente, a condução da brotação das plantas e, conforme a necessidade, o replantio de falhas.
Os brotos de cafeeiros novos no pós-geada podem surgir em diferentes alturas da planta, dependendo do dano pelo frio. Na condução dessa brotação, a recomendação é no sentido de não efetuar a desbrota logo que começam a aparecer os brotos no tronco. Deve-se esperar que eles cresçam até 10-15 cm e, então conduzir o número adequado por planta, conforme o espaçamento entre plantas na linha, sendo mais comum, pelas menores distâncias usadas ultimamente, conduzir uma só haste por planta. Ao se deixar todos os brotos crescerem inicialmente vai haver benefícios, pois a nova folhagem vai gerar reservas para a planta. Além disso, essa espera vai favorecer, mais adiante, a seleção dos brotos, optando-se pelos que se mostrarem mais vigorosos e mais bem implantados no tronco.
Na forma de condução da brotação tem surgido uma dúvida por parte de produtores que receiam sobre a capacidade dos brotos, saídos do tronco de plantas novas, especialmente aqueles oriundos de gemas bem junto ao solo, de reformar a planta. A experiência mostra que sim, esses brotos são viáveis. Eles, bem conduzidos, podem recuperar as plantas, reduzindo os gastos com replantios. Tanto assim que são tradicionais as práticas para proteger do frio as gemas inferiores do tronco. São usadas, para essa proteção, o plantio de café um pouco mais profundo ou a chegada de terra no tronco, de forma preventiva. Além disso, é indicado manter o tronco da planta nova queimada, por um bom período, até que os brotos cresçam mais, o tronco servindo de tutor para os brotos, o que ajuda em algo de sombra e de redução de efeitos dos ventos.
Por último, a recomendação de que o modo de desbrota, para aproveitamento de brotos, vai depender do nível de queima da planta. Nos casos de plantas novas queimadas de forma menos severa, onde apenas a parte superior da copa foi afetada, a brotação ortotrópica a ser conduzida deve ser aquela mais alta, a partir do ponto de queima do tronco.
Cafeeiros novos atingidos pelas geadas recentes, com brotações iniciais, bem junto ao solo. À esquerda, plantas com 8 meses de campo, cultivar mundo novo. Patrocínio (MG). À direita, plantas com 7 meses de campo com início de brotação ortotrópicas um pouco acima. Cultivar guará, Varginha (MG)
Em cafeeiros em formação, onde a queima por geada foi mais alta nas plantas, devem ser conduzidos os brotos que venham a sair mais no alto das plantas, logo abaixo do ponteiro morto
A chegada de terra no tronco de cafeeiros jovens é uma forma, preventiva, de proteger as gemas do efeito do frio. Caso ocorram geadas, as gemas protegidas darão origem a brotações no tronco, evitando perdas de plantas e replantios???????