O mal rosado, doença de cafeeiros constatada pela primeira vez no país em 2014, volta a atacar. Agora, amplia sua área e infecta cafezais em outras localidades, nas áreas de cafeicultura de montanha do estado do Espírito Santo.
O mal rosado é uma doença causada pelo fungo Corticium salmonicolor, a qual é considerada problemática em regiões cafeeiras como na Colômbia e em certas áreas da América Central, onde ocorrem condições de umidade elevada. No Brasil, provavelmente pelo ambiente de clima mais seco dominante nas regiões cafeeiras do País, ainda é pouco distribuída. No entanto, neste último ano, teve sua área de ocorrência ampliada, justificando essa comunicação técnica.
A ocorrência do mal rosado só foi citada mais recentemente em cafeeiros (Matiello, Krohling et all, In- Anais do 40º CBPC, Fundação Procafé, 2014, p.3), ocorrendo em lavouras na região de Marechal Floriano (ES). Em 2020 uma nova ocorrência foi observada na região do Caparaó Capixaba, município de Ibitirama, e, ainda, em outras lavouras na região de Marechal Floriano, verificando-se que nessas áreas predominam microclimas com umidade elevada, com chuvas finas constantes e temperaturas mais baixas, pela altitude elevada.
Em 2014, a evolução da doença ocorreu de maio a julho e, neste ano, aconteceu mais cedo, em março/abril. Em todos os casos, os focos da doença estiveram correlacionados com maior presença de sombra, em condição de proximidade de matas ou eucaliptais. Essa situação, e também o efeito da topografia montanhosa, favorece o sombreamento sobre os cafezais em parte do dia, o que beneficia a doença.
No cafeeiro, o mal rosado ataca os ramos, frutos e folhas. A princípio aparece no ramo (lateral ou ponteiro) uma lesão na parte lenhosa, porém ainda verde. Ali provoca um estrangulamento do ramo e a parte acima começa a amarelecer. O ataque se espalha ao longo desse ramo, atinge as folhas, totalmente necrosadas, e avança sobre a roseta de frutos, deixando, sobre toda a área afetada, no ramo e nos frutos, pontuações do fungo, de cor rosa ou salmão, daí vindo seu nome de mal rosado e o nome salmonicolor.
Em função do ataque, boa quantidade de ramos laterais e até do ponteiro são mortos e secos, ficando com folhas agarradas. O ataque já foi em diferentes variedades, como catuaí, arara, catucaí e acauã.
O mal rosado é uma doença difícil de prevenir e responde pouco ao controle com fungicidas convencionais. Dentre os produtos usuais, os fungicidas à base de cobre são os mais efetivos para evitar o avanço da doença, de modo a não deixá-la se manifestar de forma generalizada na plantação. No entanto, a recomendação mais adequada é a do manejo cultural dos cafeeiros, depois da colheita, com podas sanitárias, ou seja, eliminando os galhos doentes, reduzindo o inóculo do fungo. As podas para a abertura das lavouras e para redução do sombreamento são também indicadas para limitar as condições microclimáticas favoráveis ao fungo (a umidade, a sombra e as baixas temperaturas).
Os técnicos devem ficar alertas para passarem a observar o problema do mal rosado, pois ele poderá estar ocorrendo em outras áreas, igualmente úmidas, frias e sombreadas.
Lavoura de café próxima a uma mata, com sombra em parte do dia, onde ocorre o mal rosado - Marechal Floriano, março/2020
O ataque provoca o estrangulamento e seca de ramos e suas folhas, as quais permanecem aderidas
Pode-se ver o ataque do fungo nas diferentes partes do cafeeiro, nos ramos e já entrando nas folhas e nos frutos, nestes podendo ser observada, de forma mais detalhada, a esporulação rosada (cor salmão)