Verificou-se recentemente a ocorrência de um sintoma novo representado pela seca de ramos laterais, observado em cafeeiros conilon na região de Itaperuna, norte do estado do Rio de Janeiro, em condições de baixa altitude (na faixa de 100 a 150 m) e temperatura média anual na faixa de 23 a 24ºC.
Os ramos plagiotrópicos em plantas mais novas aparecem com a parte terminal seca. As folhas, mesmo mortas, permanecem agarradas ao ramo. Isso ocorre na ausência de qualquer praga ou doença, ou mesmo sem ter sido feita qualquer aplicação de defensivo ou adubo que pudessem estar causando a queima de ramos.
No início do problema, pode-se observar pequena lesão começando junto ao nó do ramo, logo acima da inserção das folhas, ali sobre uma camada cerosa, como se fosse uma cutícula do ramo. Essa lesão inicial é mais presente na região mais próxima à ponta do ramo e também na inserção de ramos plagiotrópicos secundários. Em seguida, a parte terminal do ramo morre, porém é comum que a parte superior no ramo lesionado se quebre antes de secar. Problema semelhante de lesão por calor já foi relatado em cafeeiros, porém em arábicas, também em região quente, em Pirapora.
As condições de ocorrência com predominância em plantas jovens bem expostas ao sol e a maior presença do problema nos ramos voltados ao sol da tarde (poente), além de ocorrência no verão, sob condições de alta insolação e temperatura, reforçam a natureza das lesões.
Por sua vez, a lesão inicial junto ao nó, onde existe uma membrana cerosa, uma espécie de cutícula, indica que ali pode estar acumulando água, seja da chuva ou do orvalho, permitindo a combinação da ação do sol com o efeito lente da água, provocando temperaturas mais altas.
Por último, uma notícia melhor. Verifica-se que a queima de ramos fica restrita aos poucos deles e algumas plantas, as quais se formam normalmente com prejuízo pequeno. Porém, o correto diagnóstico vai evitar aplicações desnecessárias de defensivos, pois não se trata de doenças de causas bióticas.
Nos cafeeiros conilon, em lavoura nova no município de Itaperuna (RJ), aparecem ramos com a porção terminal seca, com as folhas ainda grudadas ao ramo (esquerda). Alguns ramos se quebram junto aos nós, mesmo antes de secar completamente (direita).
As lesões começam sobre uma membrana, logo acima do nó, na parte exposta do ramo lateral, podendo-se ver uma lesão maior e duas menores, além de um ramo terciário saído próximo à lesão principal já morto.