Uma nova variedade de café foi desenvolvida pelo programa de melhoramento genético executado pela Equipe do ex-IBC e da Fundação Procafé. Trata-se da cultivar Graúna, que teve origem num híbrido natural de cafeeiros acauã, que provavelmente cruzaram com material de catucaí.
A seleção inicial foi feita em campo de linhagens de acauã, em Coromandel, recebendo a denominação de Acauã 7/52. Depois foi colocado em teste em ensaios conduzidos na Fazenda Experimental da Fundação Procafé, em Boa Esperança, e depois na Fazenda Experimental de Varginha e, ainda, na Fazenda Santa Helena, em Areado (MG).
Apenas para lembrar, cita-se que o material denominado acauã, que deu origem ao Graúna, é resultado de cruzamento feito na década de 1980 por técnicos do IBC no Paraná, entre o Sarchimor 1668 e o Mundo Novo.
Os cafeeiros da cultivar Graúna têm porte baixo, apresentam bom vigor, boa resistência à ferrugem e alta produtividade. As folhas novas apresentam variação de cor, com plantas de brotação verde, outras de cor bronze. Em relação ao acauã normal, os frutos do Graúna são maiores, com alto percentual de grãos chato e a maturação é mais precoce. Os ramos produtivos do Graúna são compridos e apresentam rosetas de frutos bem cheias.
Nos três ensaios de competição em andamento, o híbrido 7/52, denominado de Graúna, sempre se mostrou o mais produtivo em comparação com dezenas de outros materiais genéticos, incluídos também os padrões de catuaís. No ensaio em Boa Esperança, na média de sete safras, os cafeeiros Graúna produziram 41 scs/há, contra 31 do catuaí amarelo 32. Em Varginha, na média de cinco safras, verificou-se a produtividade de 54 scs/há no Graúna e 28 scs/há no catuaí amarelo 66. Em Areado, na média de três safras, foram 48 scs/há no Graúna e 39 scs no catuaí amarelo 66.
As sementes do híbrido Graúna, na geração F4, vem sendo distribuídas pela Fundação Procafé em pequena escala para formação de lavouras comerciais, com verificação de bom comportamento produtivo dessas lavouras em várias regiões. Um campo de multiplicação de sementes está instalado na Fazenda Experimental de Varginha, onde os interessados poderão obter as mesmas.
Continuamos a batizar as novas variedades com nomes de pássaros. Desta vez adotamos o do pássaro Graúna, também conhecido como Pássaro Preto ou Melro, muito comum nas diversas regiões do País, o qual possui um belo canto. Com certeza essa nova variedade também fará bonito em variadas regiões cafeeiras.
Essa Folha Técnica, número 500, é um marco importante. Bastante trabalho, mas compensado pela utilidade que esse sistema de informação vem trazendo, em apoio ao setor de tecnologia cafeeira.
Cafeeiro da nova cultivar Graúna, na 4ª safra, em Areado (MG), mostrando boa produtividade e vigor (esq.). Pode-se ver a característica de ramos longos e com muitos frutos por roseta (dir.).
O pássaro Graúna, que dá nome à nova cultivar de café.