A cultivar de café Arara, desenvolvida pela pesquisa do ex-IBC e da Fundação Procafé, foi lançada em 2012 e desde então vem sendo plantada em grande escala pelos cafeicultores. Ela apresenta bom vigor nas plantas, resistência à ferrugem, resistência moderada à Mancha aureolada e à Phoma. Estas características, entre outras, conferem à variedade alta capacidade produtiva, sendo que, em diversos campos experimentais, em diferentes regiões, ela sempre aparece entre as de maiores produtividades, possuindo, além disso, boa qualidade de bebida.
Cafeeiros da cultivar Arara possuem maturação bem tardia, adequada ao escalonamento de colheita, quando combinada ao cultivo de outras cultivares, de maturação precoce e média. No entanto, alguns produtores questionam quanto à viabilidade da colheita mecanizada em cafezais Arara, tendo em vista sua maturação tardia e frutos mais aderidos à planta, em comparação com cultivares tradicionais. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi avaliar a eficiência da colheita mecanizada na variedade Arara, comparada ao padrão catuaí vermelho IAC 144. O ensaio foi conduzido na Fazenda Sertãozinho, em Botelhos (MG), a uma altitude média de 1090 m. Ambas variedades foram plantadas em 2013, em espaçamento de 3,5 x 0,7 m, estando na 3ª safra em 2019, sendo as duas primeiras colheitas realizadas manualmente. A colheita foi realizada em julho de 2019, sendo que o estágio de maturação dos frutos, na época nas 2 cultivares, está apresentado na tabela 2. A colhedora utilizada foi uma automotriz, da marca Pinhalense, mod. P 1000 Evolution. Foram avaliados, para cada cultivar, três repetições, com 150 plantas. Os frutos remanescentes nas plantas foram derriçados manualmente. A 2ª passada foi realizada 30 dias após à 1ª colheita.
Para as condições em que o experimento foi conduzido, tanto para a cultivar Arara, quanto para a catuaí, a colheita em duas passadas foi superior a uma passada (Tabela 1). Mesmo a máquina trabalhando em uma velocidade reduzida, os frutos verdes não se desprenderam. Portanto, para duas passadas, pode-se trabalhar em uma velocidade maior, retirando boa parte do café da árvore, e com alto rendimento de trabalho.
Verificou-se que os frutos da cultivar Arara exigem uma força de desprendimento superior ao catuaí (Tabela 2), porém não houve dificuldade em realizar a colheita mecânica, sendo colhido cerca de 51% do café na primeira passada e quase 94% com as duas passadas, um pouco menos do que ocorreu no catuaí, porém os frutos desta cultivar se encontravam em estágio de maturação mais avançado (tabela 2). Devido à maturação tardia do Arara, e, ainda, pelos frutos ficarem mais retidos, verificou-se menos café caído no chão antes da colheita, isto reduzindo a quantidade de café de varrição, aumentando a qualidade do produto colhido.
Concluiu-se que: a cultivar Arara pode ser colhida, sem restrição, de forma mecanizada, sendo que duas passadas da colhedora foram melhores que apenas uma passada. Para anos de bienalidade negativa, onde há pouco café para ser colhido, e que não compense economicamente as duas passadas, devido à maturação mais tardia, é necessário esperar que os frutos da parte inferior da planta estejam com o mínimo de percentual de verdes possível para realizar a colheita.
Tabela 1: Eficiência da colheita mecânica das cultivares Arara e catuaí vermelho IAC 144 - Botelhos (MG), 2019.
Tabela 2: Maturação (%) em julho/19 e energia gasta para desprendimento dos frutos (N) no momento da colheita - Botelhos (MG), 2019.
Aspecto das plantas da cultivar Arara sendo colhidas na primeira passada da máquina auto-motriz Pinhalense (esq.) e detalhe da maturação dos frutos, na parte média dos cafeeiros Arara, por ocasião da primeira passada da máquina - Jul/19, Fazenda da Sertãozinho, Botelhos (MG).
Colocação do pano para avaliar, por derriça manual, os frutos remanescentes nos cafeeiros Arara, depois da segunda passada da colhedora - Fazenda Sertãozinho, Botelhos (MG).