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Duas novas variedades de café da Fundação Procafé: palma 3 e sabiá-una

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

FOLHA PROCAFÉ

EM 10/06/2020

4 MIN DE LEITURA

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A Fundação Procafé liberou para registro no Ministério da Agricultura (portanto, para possibilitar o plantio comercial) duas novas cultivares ou variedades de café: a palma 3 e a sabiá-una. Essa liberação se baseia na análise de resultados de diversos ensaios experimentais, já com bom número de safras acompanhadas, e, ainda, complementada pelas visitas recentes aos campos, para verificação “in loco” da condição das plantas desse material genético, tanto nos ensaios mais antigos, como em pequenas plantações, já efetuadas com essas novas cultivares.

A cultivar palma 3 tem origem em seleção de planta mais vigorosa e produtiva, observada no campo em Coromandel (MG), em parcela de ensaio da cultivar palma 2. A genética do material de palma resulta de cruzamento, efetuado no ES, na década de 1970, pelo Eng. Agr. A. Paulino, do ex-IBC, entre o catimor UFV 353 e o catuaí vermelho IAC 81. O material foi introduzido em Varginha (MG), em seguida, sendo derivadas novas gerações e feitas seleções que deram origem a palma 1 e palma 2. Essa nova cultivar apresenta alta produtividade, sendo que em muitos ensaios se classifica como a mais produtiva entre dezenas de outros materiais. Mostra, também, elevado vigor e alta resistência à ferrugem no campo, não apresentando infecção dessa doença, até o momento, a despeito do material de origem já ter sido derivado faz mais de 40 anos. O porte das plantas é baixo, embora um pouco maior em comparação ao padrão catuaí. O broto novo tem folhas de cor verde, os frutos são pequenos, de cor vermelha e de maturação tardia. Importante destacar também que essa cultivar tem apresentado boa tolerância a stress hídrico. Pela sua origem é esperada tolerância desse material à Phoma.

A cultivar sabiá-una se originou da seleção de uma planta de frutos amarelos, que apareceu dentro de uma parcela de plantas de sabiá 398 (de frutos vermelhos), em ensaio na FEX Varginha. Pela proximidade dos cafeeiros, trata-se, provavelmente, de um híbrido natural entre cafeeiros sabiá e catucaí amarelo. Foi derivada a geração F3, que foi colocada em ensaios, nos quais vem obtendo bom desempenho produtivo. Os cafeeiros dessa cultivar são de porte baixo, possuem copa cônica, apresentam bom vigor, boa resistência à ferrugem e as folhas novas nos brotos, em sua grande maioria, são de cor bronze. Os frutos são de bom tamanho e de cor amarela e a maturação é média. Resta lembrar que o material de sabiá 398 é oriundo do cruzamento entre satimor e o acaiá.

Como exemplos produtivos dessas novas cultivares, vão aqui os resultados de acompanhamento da produção em 2 ensaios. O primeiro, em Varginha, com seis safras computadas, indo para sétima. A cultivar palma 3 produziu, em média dessas seis safras, 46,5 scs/ha; a sabiá-una, 43,2 scs; a arara, 40,1 scs; e o padrão catuaí V/144, com 31 scs/ha. O segundo, em Araguari, com três safras, indo para quarta neste ano, mostra a arara, com 51,3 scs/ha; a palma 3, com 49,2 scs; a sabiá-una, com 40,4 scs; e o padrão catuaí V/144, com 21,3 scs/ha.

O lançamento de novas cultivares/variedades de café reflete o amadurecimento de um programa de melhoramento genético, que envolveu longo período de trabalho, continuado e de equipe. É um processo que transforma o conhecimento obtido pelas pesquisas numa tecnologia gerada em benefício do cafeicultor. Esse programa tem oferecido diferentes opções de cultivares, criando alternativas para adaptação desses materiais genéticos em variadas condições: de regiões, sistemas de cultivo e tipo de produtores. Nessa adaptação, a palma 3 é útil para áreas mais quentes e secas. Já a sabiá-una é uma alternativa ao catucaí amarelo para produtores que possuem dificuldades de controle da ferrugem, por ser mais resistente à doença. A diversidade de material genético também no manejo da resistência à ferrugem.


Alto vigor das plantas da cultivar palma 3, na 7ª safra, em ensaio na Faznda Experimental de Varginha, em Março de 2020


Parcela de cafeeiros da cultivar sabiá-una do ensaio, agora produzindo a 7ª safra, na Fex Varginha. No detalhe podem ser vistas folhas novas de cor bronze e ausência de ferrugem na folhagem. Mar/2020


Alta produtividade, cerca de 50 scs por ha, na primeira safra, aos 2 anos e 3 meses, em cafeeiros da cultivar sabiá-una e sua frutificação, enchendo as rosetas de frutos amarelos e de bom tamanho. Fazenda Sertãozinho, Botelhos (MG). Jun/2019


O Eng. Agr. Saulo Almeida ao lado de cafeeiros da cultivar sabiá-una, na 2ª Safra, em plantação em Botelhos, no Sul de Minas – Mar/2020 / Detalhe da bifurcação de ramos e boa frutificação nesses cafeeiros na 2ª safra


Sabiá-una é um tipo de sabiá de coloração mais escura e de bico bem amarelo, conforme pode ser visto na foto. Ele é menos conhecido do que o Sabiá Laranjeira, de cor marrom claro

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