A deficiência de cobre em cafeeiros mostra sintomas bem típicos nas folhas, permitindo sua identificação. Porém, muitos produtores e técnicos de campo ainda não conhecem bem esses sinais.
O cobre tem três funções principais no cafeeiro: atua como micro-nutriente, exigido para os processos de crescimento e produção do cafeeiro; age como fungicida e bactericida, protegendo as plantas contra a ferrugem, a cercosporiose, Pseudomonas, Colletotrichum e outros fungos; e tem efeito tônico, promovendo redução do efeito do etileno, oriundo de processos de necrose da folhagem, resultando em maior retenção foliar.
Os sintomas de deficiência de cobre começam nas folhas novas, que ficam onduladas na forma de “costelas”, deixando nervuras salientes na parte inferior. Essas folhas se voltam para baixo e as bordas ficam levantadas, dando à folha um aspecto de calha em V. Com o progresso da deficiência, as folhas perdem a cor verde normal e ocorre uma clorose mais pronunciada em uma faixa ao longo da nervura central, iniciando sobre o pecíolo e, em casos extremos, essa clorose pode tomar quase toda a lâmina foliar. As folhas deficientes, provavelmente devido à fraqueza dos cloroplastos, ficam muito sensíveis à escaldadura pelo sol.
As condições onde ocorre maior deficiência de cobre em cafeeiros são: a) plantios em solos húmicos, pois a matéria orgânica imobiliza o cobre; b) situações de solos muito corrigidos, com V% e pH altos, onde o cobre, assim como outros micro-nutrientes, fica menos disponível; c) em regiões quentes; d) em lavouras onde não se utiliza fungicidas cúpricos.
A suficiência do cobre no solo ou nas folhas é avaliada por análises químicas e os padrões adotados são: no solo, são adequados os níveis de 1,5 a 10 ppm, enquanto que nas folhas, de 10 a 50 ppm de cobre. Em folhas deficientes, é comum encontrar teores de cobre abaixo de 4 ppm.
O suprimento de cobre nutricional deve ser feito via foliar através de pulverizações. As fontes de cobre de liberação gradual são mais eficientes, mantendo suprimento constante do nutriente, assim, mais absorvido no tecido foliar. Fontes adequadas – formulações de fungicidas cúpricos, como o hidróxido, o óxido, o oxicloreto e caldas bordalesas ou outras fontes orgânicas. O uso de fontes de cobre via solo somente é eficiente se realizado no sulco ou na cova de plantio, em mistura com a terra, pois, quando em cobertura, o cobre não se aprofunda no solo. Na tabela 1, podem ser observados resultados de fontes e modo de aplicação de cobre em cafeeiros quanto aos seus efeitos sobre os níveis foliares e produtividade das plantas.
Ultimamente, a deficiência de cobre tem sido observada com maior frequência em lavouras em formação, mas, também, em lavouras adultas. As causas principais dessa deficiência têm sido devidas à correção excessiva do solo e, principalmente, a substituição dos fungicidas cúpricos, usados em pulverização, por produtos de outros grupos químicos. Nesse caso, devem ser mantidas 1-2 pulverizações ao ano onde entram fungicidas cúpricos na calda aplicada.
Tabela 1 - Efeito de fontes e modos de uso de cobre sobre a correção da deficiência (nível foliar) e sobre a produtividade em cafeeiros em solo húmico – Martins Soares (MG), 1999
Sintomas iniciais de deficiência de cobre em folhas de cafeeiros. Elas ficam onduladas, se encurvando para baixo, e as bordas ficam levantadas. Já se inicia clorose junto à nervura principal (esq.) e com a evolução para clorose mais acentuada em uma faixa sobre e ao longo da nervura principal, a partir do pecíolo (dir.)