Dentre os nematoides que atacam o cafeeiro, a espécie Meloidogyne exígua é a mais disseminada na cafeicultura brasileira, causando prejuízos às lavouras. Seu controle químico é dificultado pela necessidade de tratamentos que precisam atingir grande volume de solo e de raízes, reduzindo a eficiência e elevando o custo da aplicação. Assim, o controle através de variedades resistentes exige o desenvolvimento de materiais que reúnam condições de vigor e produtividade às suas características de resistência. Na substituição de variedades de café susceptíveis (mundo novo e catuaí), é indicado usar uma variedade resistente, pois, nessa condição, a população do nematoide se mantém muito alta.
Na presente nota técnica, relata-se a ocorrência de resistência ao nematoide M. exígua encontrada na seleção da cv 50 do material de acauã novo. A observação foi efetuada em campo de teste de variedades, instalado em propriedade na localidade de Santa Maria do Araguaia, município de Marechal Floriano, estado do Espírito Santo. O experimento, com diferentes materiais genéticos, foi plantado sobre área de cafezal velho, que sofreu o corte das plantas, e o novo plantio foi feito no meio da rua do cafezal antigo.
O experimento foi conduzido com os tratos normais, sem controle químico de nematoides e, aos 3,5 anos de idade das plantas, foi feita avaliação nas raízes para verificação de infestação, através de retirada, sob a saia, de um pequeno bloco das raízes finas, avaliando-se a presença das galhas, características do nematoide exígua. Verificou-se a presença de galhas em grande quantidade em cultivares susceptíveis no ensaio, como a cultivar catuaí, isso garantindo a forte presença do nematoide, o que era esperado, pela condição do plantio, realizado meio de lavoura velha. Por outro lado, verificou-se a ausência completa de galhas no sistema radicular fino, em todas as plantas das parcelas de cafeeiros da seleção da cv 50 da cultivar acauã novo.
A seleção cv 50 é oriunda de uma planta de acauã novo, do Campo Experimental de Varginha, e trata-se de um híbrido natural que apareceu dentro do material de acauã comum, que, por sua vez, é resultado do cruzamento entre o sarchimor 1668 e o mundo novo, realizado no IBCPR na década de 1980, e que em algumas plantas vinha apresentando resistência ao M. exígua. Conclui-se, portanto, que a seleção da cv 50 da cultivar acauã novo possui boa resistência ao nematoide M. exígua, acrescentando essa característica às suas já conhecidas qualidades, de boa resistência à ferrugem e boa produtividade.
Detalhe do sistema radicular fino de cafeeiros da seleção cv 50 de acauã novo, sem galhas de M. exígua.
Poucas raízes finas e com galhas do nematoide em cafeeiros de variedade susceptível catuaí.