Alguns procedimentos ou cuidados simples podem reduzir, bastante, os danos provocados pela colhedeira mecânica sobre cafeeiros.
A colheita do café é a operação mais importante no ciclo da cultura. Ela influi na qualidade do café e participa, com muito valor, nos custos de produção, representando, normalmente, cerca de 30% do custo da saca produzida. Por essa importância, todos os aspectos operacionais devem ser bem cuidados, no sentido de colher com boa eficiência e a custo mais baixo.
A colheita do café da planta, por derriça, pode ser feita de três modos: de forma manual, de forma semi-mecanizada (adotando maquininhas derriçadeiras) e a colheita mecanizada (com o emprego de máquinas colhedoras, auto-motrizes ou tratorizadas).
Na colheita mecanizada, a máquina retira os frutos da planta pela vibração de varetas, implantadas em dois rolos giratórios, um de cada lado da linha dos cafeeiros. Essas varetas, ao mesmo tempo em que derrubam os frutos, também podem atingir, em seu movimento, ramos e folhas, e, até mesmo, o tronco dos cafeeiros.
Diversos trabalhos de pesquisa têm demonstrado que, com o uso correto, as máquinas colhedoras não causam danos significativos aos cafeeiros. Porém, esse uso racional das colhedoras nem sempre é observado nas propriedades, onde, muitas vezes, é o próprio operador (da fazenda ou terceirizado) que adota o ritmo operacional da máquina – as regulagens de velocidade, vibração, freio, disposição das varetas, número de passadas, etc. O normal seria o acompanhamento mais de perto do administrador ou de um técnico para proceder com as regulagens adequadas em cada lavoura a ser colhida.
Dois problemas têm sido mais observados, provocando danos aos cafeeiros, com maior desfolha e machucados nas plantas pela colhedora. O primeiro é o emprego de velocidades muito baixas, menos de 1.000 m por hora, combinadas com vibrações altas, buscando retirar o máximo de frutos na primeira passada da máquina. Neste mesmo problema, se inserem erros também na segunda passada, que deve ser feita cerca de 1 mês depois e com maiores velocidades, de 1,5 a 2 km por hora, com isso reduzindo os efeitos sobre a estrutura das plantas - as folhas, galhos e tronco. Também deve-se observar a quantidade de café remanescente nas plantas, depois da primeira passada da máquina. Existindo poucos frutos, melhor será usar derriçadeiras de operação manual para já fazer o repasse final.
O segundo problema está relacionado à colheita em plantas ainda na primeira safra, em plantas jovens, com o topo sem frutos e preparado para a próxima safra. Nesses casos, o ideal é usar máquinas mais próprias para esse tipo de lavoura, ou retirar alguns colares de varetas, no alto dos rolos, para que não danifiquem o topo dessas plantas jovens. Como os frutos nessas plantas se encontram muito próximo ao tronco, o indicado é usar varetas com terminais emborrachados. Deve-se fazer um estudo econômico prévio, pois, em muitos casos, existindo mão de obra, compensa, de uma vez só, já colher estas lavouras de forma manual, sem repasse e sem queda de café no chão. O recuo entre os rolos, para manter a ponta das varetas longe do tronco e, no mesmo sentido, o bom alinhamento no caminhamento da máquina, é importante para evitar ferimentos no tronco. Tem-se verificado que ferimentos na parte mais alta do tronco reduzem o crescimento da ramagem do ponteiro das plantas.
A presente nota técnica tem o objetivo de alertar técnicos de AT e produtores sobre cuidados simples, porém importantes, para evitar ou reduzir danos da colhedeira mecânica em cafeeiros.
Colhedeira operando em lavoura de café de primeira safra, com danos significativos nas plantas. Operação permitida pela falta de mão de obra para a colheita manual
Demonstrativo da desfolha severa em cafeeiros pelo uso inadequado da colhedeira mecânica. Situação dos cafeeiros antes (esq.) e depois (dir.) da passagem da máquina
Tipos de plantas jovens danificadas pela colhedora por falta de retirada dos anéis de varetas na parte superior dos rolos da colhedeira mecânica
Danos severos no tronco de cafeeiros, ferimentos feitos pelo toque das varetas pelo uso incorreto da colhedeira mecânica