Os resíduos orgânicos oriundos na colheita e preparo de café devem ser usados nas lavouras com cuidados, pois podem levar sementes de ervas e outros organismos, como os nematóides.
As lavouras de café, especialmente nas etapas de colheita e preparo do café colhido, geram vários tipos de resíduos orgânicos. Na colheita podem vir, junto com os frutos, outros resíduos, como galhos e folhas, e também sementes de ervas, especialmente da corda de viola, que cresce sobre as plantas de café. No café de varrição, igualmente, podem vir junto sementes e terra, que pode conter nematóides.
No processo de preparo do café, nos abanadores, no lavador, separador e até no secador, os resíduos que vêm junto com os frutos, em sua maior parte, são separados e colocados em montes. Normalmente esses resíduos são retornados às lavouras, como adubação orgânica. Em alguns casos eles são incorporados a outros materiais (estercos e palhadas) para compostagem. A palha de café, depois do beneficiamento, da mesma forma, retorna para a lavoura. Ocorre que esses resíduos, quando mal manejados, podem conter sementes de ervas, sendo a mais comum a corda de viola e, também, nematóides.
A compostagem desses resíduos, se bem feita, observando um tempo adequado no período termofílico da fermentação, com cerca de 10 dias com temperatura acima de 60ºC e, destes 3 dias, acima de 65ºC, vai eliminar tanto as sementes como os nematóides e até coliformes fecais.
Quando não for feita a compostagem, ou se o processo de fermentação for feito em menores tempos e temperaturas, os resíduos da colheita e preparo do café, ao serem aplicados na lavoura, podem disseminar sementes de ervas e os nematóides. Recentemente foi observada, em Fazenda no Sul de Minas, a ocorrência de infestação de corda de viola em grande escala, sobre os cafeeiros, em função da aplicação de composto.
Esse adubo orgânico, que é aplicado junto e debaixo da saia dos cafeeiros, ao levar sementes de ervas e nematóides, coloca os mesmos no local ideal para seu desenvolvimento, bem junto às plantas de café. O problema é agravado pelo fato de que os sistemas usuais de controle do mato não atingem as ervas que nascem sob as plantas de café. A forma de controle dessas ervas somente é possível através de trabalho manual, com arranquio por enxada.
Adiciona-se, ainda, a informação de que o maquinário usado na colheita mecânica do café do pé ou do chão também pode ajudar a esparramar sementes de ervas.
Vista geral de uma lavoura de café fortemente infestada por corda de viola. Aqui arrancada, restando sua copa seca sobre os cafeeiros
Detalhe de cafeeiros bem infestados pela erva corda de viola
Detalhe do trabalho que dá para achar e arrancar pelas raízes, com enxada, os pés da erva corda de viola, que se encontram sob os cafeeiros
Plantas de corda de viola germinadas sobre leira de composto onde não houve controle da temperatura - Foto: Eng Agr Antonio Teixeira, da Agrolibertas