Observações em campo feitas em diversas propriedades cafeeiras mostram que o controle do mato nas lavouras vem sendo realizado tardiamente, depois que as ervas já se encontram crescidas e que já concorreram com as plantas de café (ver foto da figura 1).
As ervas daninhas que crescem no meio do cafezal concorrem com os cafeeiros em água, nutrientes e luz, devendo ser controladas no crescimento e produção das plantas de café, para evitar perdas. Além disso, as ervas atrapalham os tratos na lavoura, como a adubação, o controle de pragas/doenças e a colheita.
Nos últimos anos, alguns técnicos vêm orientando os produtores a manterem o mato de forma exagerada no cafezal. Também é comum o plantio de braquiária nas ruas. Eles preconizam, apenas, roçadas sucessivas do mato.
As pesquisas realizadas por diversas Instituições têm mostrado melhores resultados produtivos em parcelas de cafeeiros mantidas mais no limpo, livres de mato (ver tabela 1). No uso apenas de roçadas, igualmente, as pesquisas evidenciam que elas não trazem o mesmo resultado produtivo, quando em comparação com a capina completa das ervas (ver tabela 2). Deste modo, as roçadas não devem ser usadas de forma isolada, mas em combinação com outros sistemas de controle do mato (capinas ou herbicidas).
Não procedem as duas principais justificativas, que apontam vantagens em manter o mato de forma mais constante no cafezal. 1- As ervas, vivas, cobrindo o solo, não economizam água, ao contrário, pela sua transpiração, aumentam o consumo em relação ao solo limpo. A foto da figura 2 ilustra o estudo onde se comparou a água perdida com e sem ervas. Também é irreal, no curto prazo, no ciclo de crescimento e frutificação dos cafeeiros, a reposição dos nutrientes ao solo, pelo mato cortado. A disponibilização dos nutrientes é lenta e, ainda, podem ser aproveitados pela própria rebrota do mato.
Por último, destaca-se que as ervas são capazes de fazer uma retirada (extração) significativa de nutrientes do solo. Pesquisa mostrou que a massa obtida de três roçadas sucessivas em lavoura de café retirou o equivalente a cerca de 190 kg de N e 320 kg de K2O por ha (tabela 3).
Tabela 1- Produção em cafeeiros (scs.ben/ha) sob diferentes métodos de controle de plantas daninhas - 2008 a 2016 - São Sebastião do Paraíso (MG)
Tabela 2- Produtividade em cafeeiros submetidos a três sistemas de manejo de plantas daninhas por duas safras consecutivas - Machado (MG), 2014/16
Tabela 3- Peso seco das ervas, teores de NPK na massa e extração correspondente de nutrientes, no mato comum e em Brachiaria decumbens, crescidos no meio do cafezal - Varginha (MG), 2013
Figura 1- A lavoura de café desapareceu no meio do mato excessivo. O prejuízo já foi feito. As ervas absorveram água e nutrientes, além de reduzir a luz para os cafeeiros
Figura 2- Ensaio realizado na Fda Exp. de Franca-SP. Inicialmente os dois vidros estavam cheios de água, por igual. Passados 10 dias, no vidro da esquerda, com plantas de braquiária, foi consumido bem mais água, por transpiração, do que o vidro da direita, sem a erva