Os fungicidas cúpricos são usualmente empregados depois da ocorrência de chuva de granizo. Alguns técnicos divulgam que esse tipo de produto tem efeito cicatrizante, mas não é bem assim. As lavouras de café foram muito afetadas por granizo neste último ano.
As pedras de gelo que caem danificam a folhagem, a ramagem e a frutificação. Na folhagem e na ramagem, a ação mecânica do granizo provoca ferimentos, os quais, especialmente na folhagem, facilitam a entrada de patógenos, principalmente a bactéria Pseudomonas e o fungo da Phoma.
A indicação de fungicidas cúpricos ou outros produtos fungicidas e/ou bactericidas deve ser feita para reduzir a multiplicação dos fungos e bactérias que venham a aproveitar as aberturas ou ferimentos provocados por granizo ou mesmo por vento ou até por ação de insetos, como ataque por lagartas. Essa recomendação deve observar o histórico de doenças na região. Onde o clima não for adequado à ocorrência de fungos e bactérias, como Phoma e Pseudomonas, ligadas a ambientes mais frios e úmidos, ela não precisa ser realizada. A pulverização com fungicidas bactericidas não tem ação cicatrizante, apenas reduz a multiplicação e desenvolvimento dos patógenos. No caso da Phoma, as observações de campo mostram que o fungo não infecta a ramagem mais lenhosa, mesmo com ferimentos.
O cafeeiro tem seu próprio mecanismo de cura dos ferimentos. Dois tipos de tecidos estão envolvidos. A epiderme, um tecido de revestimento, cuja função principal é revestir as partes da planta, inclusive para proporcionar uma maior proteção contra a ação de patógenos e, ainda, contra a perda de água. Também a periderme garante proteção à planta, funcionando como um tecido de cicatrização, surgindo em regiões expostas, seja após um ferimento ou mesmo em condições naturais, nos locais onde se desprendem as folhas e galhos.
Ferimentos em folhas e ramos causados por chuva de granizo em cafeeiros. A planta possui tecidos de cicatrização ou regeneração de partes do tecido no local ferido.