A morte de cafeeiros sempre causa preocupação e muitas indagações por parte dos produtores. Mesmo os técnicos, os menos experientes, não conseguem determinar com clareza e mostram duvidas quanto às causas dessas mortes. No exame das plantas mortas, normalmente se prendem naquilo que observam apenas naquele momento, não indo atrás da verdadeira origem do problema.
Para começar, pode-se definir a base de morte de plantas de café parafraseando um dito popular – o peixe morre pela boca. Da mesma forma, os cafeeiros chegam a morrer quando as suas raízes e o seu sistema vascular, os responsáveis pela absorção e transporte da água e nutrientes, a porta de entrada dos alimentos para a planta, são muito prejudicados. Então, qualquer busca de causa de morte deve iniciar por aí, verificando o que está dificultando, em nível grave, este sistema de abastecimento.
Continuando o processo de identificação das causas de morte em cafeeiros, deve-se observar se a morte ocorre de forma rápida ou lentamente, se as plantas que estão morrendo são jovens ou velhas ou se a morte ocorre em plantas salteadas ou em reboleiras. Nesse processo de caracterização e diagnóstico, se deve separar o que são sintomas primários, que mostram a efetiva causa da morte, dos secundários, estes aparecendo depois da morte da planta, com o apodrecimento dos tecidos, surgindo cupins e organismos saprófitas que não tem nada a ver com a morte.
As causas principais já identificadas provocando morte de cafeeiros são:
1- Plantas com sistema radicular muito deficiente.
2- Problemas de má física do solo, com presença de camadas duras, ou pedras ou com excesso de umidade (pouco arejado).
3- Ataque severo de nematoides (Meloidogyne - incognita ou paranaensis).
4- Ataque severo de patógenos, como Roselinea e Fusarium.
5- Toxidez grave por insumos aplicados, especialmente excesso de sais.
6- Danos mecânicos, por implementos diversos
7- Danos por fenômenos climáticos adversos, como geada, granizo e faísca elétrica.
8- Efeito de podas drásticas
9- Fraqueza ou pouco vigor de plantas, ligadas à sua carga genética.
Os fatores ou causas de morte podem interagir entre eles. Por exemplo, problema com um sistema radicular ruim é agravado em solos duros. Também ocorre interação com as condições climáticas. Zonas mais secas aceleram a causa de morte de plantas deficientes em suas raízes ou em seu sistema vascular. Ainda podem ser observadas interações com os tratos. Áreas com irrigação ficam menos sujeitas à morte, mesmo com sistemas radiculares menos desenvolvidos, o mesmo ocorrendo em áreas mais frias ou sob sombreamento. Constata-se até interações múltiplas, tendo como exemplo a morte de plantas que tinham sistema radicular reduzido, com anos de maior carga, e que em seguida, podadas, reduzem ainda mais as suas raízes e, já estressadas pela carga, fracas, algumas acabam não tendo capacidade de brotação e morrem.
A morte de plantas de café leva a prejuízos pelas falhas causadas na lavoura, com redução do stand de plantas por área e, consequentemente, perdas de produtividade. Além disso, as falhas permitem maior infestação de mato na lavoura e mais trabalho para seu controle. Exige, ainda, se indicado, gastos com replantio.
Morte em planta de café conilon com 1,5 ano de idade, por efeito de sistema radicular pouco desenvolvido, oriundo em muda clonal.
Ao arrancar a planta morta, pode-se ver pião torto e sistema radicular pouco desenvolvido, incapaz de suprir a parte aérea, que vinha em franco crescimento.
Plantas de café morrendo após à primeira safra por efeito de sistema radicular pouco desenvolvido.
Morte de plantas de café mais velhas, no pós-poda, por ataque de Fusariose no seu sistema vascular.