A partir de 2020, foi observado o ataque do caramujo gigante africano em cafeeiros, com os danos registrados na região Norte do estado do Espírito Santo.
O caramujo gigante africano é um molusco cujo nome científico é Achatina fulica. Ele foi introduzido no Brasil na década de 1980 como alternativa ao escargot, para uso na alimentação humana. Ele escapou de criadouros abandonados e se adaptou ao ambiente natural, onde se tornou uma praga, pois se alimenta, basicamente, de vegetais.
O caramujo gigante, como o nome indica, tem tamanho maior do que os caramujos nativos do Brasil e pode ser identificado pela sua concha cônica, de cor marrom, com listras em tons mais claros (ver figura 1).
Já são conhecidos os danos por alguns moluscos, como a lesma, que perfura folhas de mudas de café no viveiro, e de caramujos nativos, que comem a casca do tronco de cafeeiros e também a casa de frutos maduros.
Os sintomas de ataque do caramujo gigante se mostram no caule dos cafeeiros, no terço superior da planta, onde aparecem lesões provocadas pelo consumo da casca. Nessas lesões, com o tempo, a casca se recompõe, ficando uma marca do ataque no local, na forma de manchas claras (ver fotos ilustrativas). Em cafeeiros jovens, as lesões aparecem no caule da planta, e, em certos casos, a lesão chega a roletar a planta. Em cafeeiros não foram observados danos desse caramujo na folhagem. Em plantas de pimenta do reino, na mesma região, eles se alimentam também da folhagem. Verificou-se que há uma preferência para o ataque sobre cafeeiros arábicas. No geral, os danos não são muito severos, mas, em certos casos, chega a prejudicar.
O caramujo gigante africano também é danoso por transmitir, de forma ocasional, através do contato da secreção do seu corpo (gosma) com as mãos de pessoas, e destas para a boca, micro-organismos prejudiciais ao homem. Por isso e pelo desequilíbrio que vem causando, é alvo de uma campanha para sua eliminação. Ele causa impactos econômicos, ambientais e de saúde pública.
O controle dos caramujos pode ser feito por catações (com as mãos protegidas por luvas), com o uso de iscas com químicos e de armadilhas. Deve-se considerar seus hábitos. Durante o dia, ficam abrigados em locais sombrios, sob ciscos e outros anteparos, se movimentando à noite. Nos anos mais chuvosos, a população de caramujos aumenta e, na época seca, eles quase desaparecem.
Dois exemplares do caramujo gigante africano, com o formato e a coloração característicos da concha
Caramujo africano junto à parte superior das hastes de cafeeiros, onde se alimentam da casca, provocando lesões. À direita a lesão, em detalhe, lesão já em recomposição da casca
Os técnicos, quatro dos autores desta folha técnica, no campo em São Mateus (ES), verificando o ataque do caramujo gigante africano em cafeeiros