Em visita recente às regiões de cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas e no Sul do Espírito Santo, verificou-se que pragas e doenças vêm ocorrendo de forma diferente do normal nessas regiões.
A primeira ocorrência anormal diz respeito ao forte ataque de bicho mineiro. Essa praga não vinha sendo considerada problema nessas regiões, provavelmente pela condição climática de maior umidade e mais sombra. Neste ano, provavelmente por ser mais seco, com temperaturas mais elevadas, tem havido um forte ataque de bicho mineiro, especialmente em lavouras mais novas, em formação.
Nos trabalhos de pesquisa feitos na época do ex-IBC, verificava-se que, eventualmente, poderiam acontecer ataques de bicho mineiro quando ocorrem veranicos e, nesses casos, a época normal de ataque era em janeiro. Agora tem havido um ataque bem abrangente e em época mais tarde, em junho-julho, de forma semelhante ao que ocorre nas regiões do Sul e do Cerrado em Minas Gerais. Como nas regiões de cafeicultura de montanha não se pratica controle preventivo dessa praga, resta, agora, especialmente nas lavouras novas, usar aplicações de inseticidas em pulverizações para evitar desfolhas, sendo que em plantas novas de café, no pós-plantio até no segundo ano, qualquer redução na área foliar é prejudicial, já que as plantas ainda tem pouca folhagem.
O segundo problema está relacionado com a ocorrência de ferrugem em materiais genéticos que vinham sendo resistentes a essa doença. Materiais oriundos de cruzamentos de catimores com catuaís, antes sem infecção por ferrugem, agora apresentam folhas afetadas, indicando que apareceram raças novas do fungo, que passaram a atacar plantas de café desse material. Verifica-se, no entanto, que parece tratar-se de raças de menor virulência, pois o ataque fica restrito a um pequeno número de folhas afetadas.
O terceiro tipo de praga anormal na região foi quanto à presença de ataque da “lagarta mede-palmos” se alimentando e destruindo a folhagem de cafeeiros. Esse tipo de ataque foi verificado, de maneira grave, neste último ano, na cafeicultura do Cerrado, em Minas Gerais. Agora, o ataque na região de cafeicultura de montanha e, em certas áreas, em zonas frias, além de reduzir a área foliar das plantas, vai favorecer, também, o ataque de Phoma.
Por último, uma ocorrência nova, o ataque de mancha aureolada. No passado, já havia sido detectado um ataque de Pseudomonas em uma região junto ao Caparaó, do lado de Minas Gerais, em altitude superior a 1.200 m. Agora, o ataque foi observado em lavouras com cerca de 1,5 ano, no município de Ibatiba (ES), em altitude de cerca de 900 m, em área muito batida por vento, condição que deve estar favorecendo o ataque mesmo nessa altitude não tão elevada.
A presente nota técnica tem o objetivo de alertar os técnicos e os cafeicultores, para passarem a observar as novas condições de ocorrência de pragas e doenças nos cafeeiros e, quando necessário, procederem o controle.
Forte ataque de bicho mineiro e já desfolha em cafeeiros com 1,5 ano, em cafezal de montanha, na Zona da Mata de Minas Gerais - Julho/2022
Sintomas típicos do ataque de Pseudomonas em folhas de cafeeiros da cultivar catucaí amarelo 2 SL, em Ibatiba (ES) – Julho/2022
Folhas de cafeeiros com sinais do ataque, com comeduras e perfurações, por lagartas mede-palmos. Zona da Mata de Minas Gerais - Julho/22