Observações efetuadas em campo na região da Chapada Diamantina (BA) mostram que cafeeiros da cultivar siriema AS 1 se comportam bem em condição de maior stress hídrico.
A cultivar de cafeeiros siriema é oriunda do cruzamento inicial entre a variedade de arábica mundo novo e a espécie racemosa, visando incorporar resistência ao bicho-mineiro. Em seguida as melhores plantas, ainda de porte alto, foram cruzadas com materiais de catimor/sarchimor para adicionar característica de resistência à ferrugem, produtividade e porte baixo nas plantas.
Depois de várias gerações com seleções individuais, foram derivadas plantas homozigotas para fatores de resistência ao bicho-mineiro e, também, resistentes à ferrugem. Essa seleção foi denominada siriema AS 1, significando frutos amarelos e reprodução por sementes.
A cultivar AS 1 tem cafeeiros de porte baixo e copa estreita. Assim, não tem alta capacidade produtiva em condições normais de espaçamento, mas podem apresentar maiores produtividades em situações de maior adensamento.
A origem do siriema, do cruzamento com C. racemosa, espécie cultivada em região da África seca, pode trazer a característica adicional de tolerância à estiagem. No caso específico da cultivar siriema AS 1, as observações atuais, sobre sua tolerância a períodos de stress hídrico, foram feitas em área no município de Bonito (BA), onde antes vinha sendo realizada irrigação por gotejamento e, nos dois últimos anos, essa irrigação foi paralisada. Em um talhão onde existiam três linhas de cafeeiros siriema AS 1, com 3,5 anos de idade, as plantas, apesar do stress hídrico, se apresentavam bem enfolhadas, com folhagem verde escura e túrgida, com boa capacidade produtiva para a próxima safra. Ao lado, as linhas de plantas de outras cultivares tradicionais, de C. arábica, se mostravam desfolhadas, com folhas amareladas, murchas e estressadas pela falta de água. As fotos, em seguida, ilustram o diferencial das plantas do siriema AS 1.
Verifica-se, assim, que a cultivar AS 1 herdou, em boa parte, as características de C. racemosa quanto à sua tolerância à seca. Portanto, para áreas em condições adversas de cultivo, em regiões com pouca chuva, esse material genético se mostra uma boa alternativa. Verificou-se, ainda, uma característica nova no material, sua capacidade de floração, em boa quantidade, em partes velhas de ramos laterais.
Figura 1- Contraste da vegetação de uma linha de cafeeiros siriema AS 1 (esquerda) e de uma cultivar tradicional (direita), em condição de déficit hídrico - Bonito (BA), out/23
Figura 2- Detalhe dos cafeeiros de cultivares tradicionais (esquerda), com plantas desfolhadas por efeito de stress hídrico, e da cultivar AS 1 (direita), com folhagem mais verde e sem desfolha - Bonito (BA), out/23
Figura 3- Detalhe da formação de botões florais em partes velhas dos ramos, em plantas da cultivar siriema AS 1