Em testes recentes, foi comprovada a boa resistência de diversas seleções da cultivar acauã em relação ao ataque do nematoide Meloidogyne exígua.
A cultivar de cafeeiros denominada acauã é oriunda de um cruzamento efetuado na década de 1970, entre o sarchimor LC 1668 e a cultivar mundo novo, realizado por técnicos do ex-IBC do Paraná. As primeiras seleções foram introduzidas em Caratinga e daí para a Fazenda Experimental Varginha, onde vem recebendo, através de ensaios conduzidos em diversas regiões cafeeiras, novas seleções, que tem dado origem a novas cultivares.
O material de cafeeiros acauã tem apresentado boas características produtivas e alta resistência à ferrugem, além de boa tolerância a stress hídrico. A sua resistência ao nematoide M. exigua já foi observada no material original. Foi realizada, recentemente, uma testagem de diferentes seleções pertencentes ao grupo acauã para verificar o seu comportamento em relação a esse nematoide.
O trabalho de testagem foi feito na Fda Experimental de Varginha, através da inoculação do nematoide em mudas de café, sendo testados 16 materiais, dos quais 7 seleções da cultivar acauã e incluídos, como padrões resistentes, o catucaí amarelo 785/15 e o IAC 125 RN, além do apoatã (robusta). Como padrão susceptível foi incluído o catuaí vermelho IAC 144. A figura 1 mostra aspectos da testagem.
Para verificação da resistência foram avaliados o numero de galhas nas raízes e calculado o fator de reprodução do nematoide. Os dados obtidos estão colocados na tabela 1. Verifica-se que das 7 seleções de acauã incluídas, apenas a 7/51 se mostrou com um grau de susceptibilidade. As demais se mostraram resistentes, à semelhança dos padrões, o catucaí 785/15 amarelo, e o próprio apoatã (robusta) sendo até ligeiramente mais resistentes do que o terceiro padrão o IAC 125 ou tupy RN. Do restante de material testado, houve surpresa positiva na resistência observada em dois híbridos do icatu 925, material igualmente tolerante ao M. paranaenses, e ao japy, este um catucaí vermelho, devendo estes materiais receberem mais um teste de confirmação. Já o graúna, um híbrido de acauã, não manteve a resistência da sua origem.
Destacam-se, ainda, dois aspectos: primeiro é que outras seleções de acauã, como o acauã novo da cv 50 e o acauã cv 2 e 8 também tem se mostrado resistentes em campo. O segundo é que algumas pesquisas mostram que podem existir raças diferentes de M. exígua e, assim, podem alterar a resistência em condições onde elas venham a prevalecer. Para verificar a resistência de cafeeiros em campo, uma forma simples é arrancar algumas mudinhas, tipo orelha de onça, que nasceram sob a copa dos cafeeiros. Aí é só observar, no seu sistema radicular, a presença ou ausência de galhas (ver figura 2).
As boas características produtivas do material de acauã, aprimoradas pelas novas seleções e, ainda, a sua alta resistência à ferrugem, mais a agregação de resistência ao M. exígua, conduzem a uma maior aptidão desse material para novos plantios, especialmente na substituição de áreas de cafezais antigos contaminados por esse nematoide.
Tabela 1: Número de galhas por planta/muda e fator de reprodução, em cultivares/seleções de cafeeiros infestados por Meloidogyne exígua – Varginha (MG), 2020
Figura 1- Aspecto do experimento de testagem de materiais de cafeeiros, em mudas, quanto à sua resistência ao nematoide M. exígua. Vista geral do experimento, em área isolada, e detalhe da inoculação, feita muda por muda, com 5 mil ovos cada - Varginha (MG), 2020
Figura 2- Pode-se observar, em fotos tomada na mesma área, em mudinhas que cresciam sob a saia de cafeeiros de uma cultivar resistente, no caso o acauã Cv 2 e 8, com raízes livres (esq.) e do catuaí IAC 144 tomadas por galhas (dir.) - Fotos do cafeicultor Luiz A.A. Araujo, de Divisa Nova (MG)