A cultivar de café arara tem produzido grãos de alta qualidade de bebida, por isso ela tende a ser considerada o café geisha brasileiro. A comparação é importante, pois a variedade geisha, de origem de uma região da Etiópia com mesmo nome, produz cafés mundialmente reconhecidos como de superior qualidade, obtendo prêmios em diversos concursos internacionais.
A cultivar arara tem sido muito plantada ultimamente pelas suas boas características de produtividade e resistência. Na maioria dos ensaios, os cafeeiros dessa cultivar sempre se destacam e lideram como os mais produtivos. Eles têm, ainda, mostrado imunidade à ferrugem e boa tolerância à Phoma e à Pseudomonas. Além disso, apresentam frutos grandes e grãos de peneira alta. A surpresa maior, entretanto, está na qualidade da bebida dos seus cafés, que vem sendo observada nesses últimos anos. Eles apresentam bebida limpa e adocicada e, em diversos concursos, os cafés arara têm apresentado pontuações altas, muitas vezes superiores a 90 pontos na escala da BSCA, o que é uma coisa excepcional.
Sabe-se que a qualidade do café não depende apenas da variedade plantada, tendo influência, também, do ambiente de cultivo e do preparo pós-colheita. Em altitudes elevadas, o café tende a dar melhor bebida, mais complexa e aromática, pois o processo de desenvolvimento e maturação dos frutos fica alongado, assim tendo mais tempo para o acúmulo de substâncias ligadas à qualidade, sendo que a microbiota local também tende a influir. A cultivar arara, pela característica de maturação tardia dos frutos, facilita nesse aspecto de altitude, tanto assim que tem sido obtidas pontuações de bebida muito altas mesmo em altitudes normais, por exemplo, ao redor de 900-1000 m.
Já a variedade geisha foi experimentada no passado por possuir alguns fatores de resistência à ferrugem, mas na época foi relegada, devido não apresentar características produtivas adequadas. Novos plantios, em pequena escala, vêm sendo feitos para produção de cafés especiais, pois apresentam notas de frutas maduras. Porém, sua produtividade, mais baixa, pode dificultar a rentabilidade da lavoura, apesar do eventual preço maior que venha a ser obtido dos seus cafés. Além disso, o porte alto das plantas dificulta seu manejo. É possível que, com podas, especialmente no sistema safra zero, possam ser obtidas maiores produtividades nesse material.
Deste modo, a indicação para plantio da cultivar arara é apropriada, pois combina várias características positivas. Tanto assim, que sua aceitação pelos produtores tem sido grande. Só nessa última safra estima-se a comercialização de mais de 30 toneladas de sementes dessa cultivar, o que representa a formação/plantio de 60-80 milhões de mudas. As sementes de arara já estão representando 50-60% da quantidade, em relação a todas as demais variedades comercializadas.
Cafeeiros da cultivar arara, com ampla adaptação, aqui mostrado em três regiões. Na 1ª safra, em Varre-Sai – zona da montanha do estado do Rio de Janeiro (esq.); em Franca, na Mogiana Paulista (centro), também na 1ª safra; e no Sul de MG, em Botelhos, na 3ª safra, esta em sistema orgânico (dir.).