A cultivar de cafeeiros bem-te-vi vem apresentando altas produtividades nos campos de testagem de materiais genéticos, nas condições dos Cerrados.
A cultivar bem-te-vi é oriunda de cruzamento natural entre o catuaí amarelo A74 e um catimor, este sendo mais provável o 386 cv 900, que se encontrava em parcela vizinha. A planta original apareceu dentro de uma parcela do catuaí A74, em experimento na Fazenda Experimental de Varginha. Essa planta era diferenciada, pois foi observada com frutos de cor laranja e não era infectada pela ferrugem.
Da planta híbrida original foram derivadas novas gerações em ensaios na Fazenda Experimental de Varginha, onde foram feitas seleções de plantas de frutos amarelos e vermelhos. A seleção de frutos amarelos se mostrou altamente vigorosa, mas não resultou muito produtiva. Ao contrário, a seleção de frutos vermelhos foi bem produtiva e, no ensaio, foi selecionada a cv 500, que deu origem à cultivar bem-te-vi, que recebeu mais uma seleção, no campo de Coromandel, com as cvs 19 e 17 reunidas e colocada em competição nos Cerrados.
Nos campos de testagem, na região do Alto Parnaíba, instalados sob a coordenação da ASSOCAFE, de Carmo do Paranaíba, foram implantados campos em seis propriedades, cada um com os mesmos 25 materiais genéticos, abrangendo cultivares da Epamig, do IDR-PR, do IAC e da Fundação Procafé. Nesses campos, a cultivar bem-te-vi foi a mais produtiva, com média de 41,2 scs por ha, na média das quatro primeiras safras. Ela foi a mais produtiva em duas localidades, e foi a segunda mais produtiva em duas outras áreas. Nessas mesmas áreas, a cultivar padrão dos campos, o catuai vermelho 144, produziu, em média de quatro safras, 34,5 scs/ha.
A cultivar bem-te-vi, face aos seus bons resultados, foi lançada por ocasião do 47º CBPC, e registrada no MAPA pela Fundação Procafé em 2023. Ela possui plantas de porte baixo, com brotação terminal verde, tendo alto vigor. Os frutos maduros são vermelhos, de maturação média, e os grãos têm tamanho normal. Ela apresenta boa resistência à ferrugem e tolerância a déficit hídrico.
Figura 1: Detalhes da frutificação do bem-te-vi, na terceira safra, em campo de observação da ASSOCAFE. Carmo do Paranaíba (MG), junho de 2022