Arruação e controle do mato com economia operacional em cafezais

Nas lavouras de café, verifica-se que é vantajoso fazer a arruação e o controle do mato em um só trabalho, com economia operacional. 

A arruação é uma prática exclusiva da cafeicultura brasileira, pois aqui se colhe o café por derriça, em uma ou poucas passadas. Assim, como a maturação dos frutos é irregular, aqueles que vão amadurecendo, e, principalmente, os que vão secando no pé, ficam sujeitos a cair no chão, enquanto se espera um tempo para que a maioria dos frutos se encontre em bom estágio para a derriça. 

Os frutos que caem vão compor os cafés de varrição, que serão recolhidos do chão pois representam boa parte da produção da planta. Dependendo da época da colheita, se atrasar ou se houver chuvas e ventos no período, os cafés do chão podem representar mais de 30-40% da carga de frutos das plantas. 

A arruação visa facilitar o recolhimento dos cafés caídos, tanto no aspecto quantitativo, como qualitativo. A operação é feita para limpar o chão, juntando e retirando os resíduos que se acumulam debaixo dos cafeeiros, e, em casos de recolhimento mecânico, também limpar o meio da rua da lavoura. Com a superfície do solo limpa, aumenta a eficiência do recolhimento dos frutos do chão, e, ainda, evita maiores perdas de qualidade desses frutos, que ficariam em contato com os resíduos orgânicos das plantas. 

Existem vários modos de arruar as lavouras. Um dos mais indicados, em áreas mecanizáveis, consta do uso da própria máquina que é utilizada para o enleiramento do café do chão, por ocasião da colheita deste café. Na arruação, esse equipamento – apelidado de varre tudo ou aranha – funciona com rodo giratório, que junta os resíduos, enleirando-os no meio das ruas da lavoura. Esse trabalho é auxiliado por um soprador acoplado, que ajuda a retirar as folhas que estão mais juntas e entre os pés de café. 

Depois do enleiramento dos resíduos, ou cisco, passa-se com a trincha, triturando resíduos. E é aí que vem a economia, pois a trincha também elimina ervas existentes nessa época, que ficaram sem ou escaparam do controle, e também o mato morto por aplicação anterior de herbicidas. 

Trabalhos de pesquisa mostram que o trabalho de varrição e de recolhimento do café do chão é mais eficiente, recolhendo mais cafés quando o terreno está limpo e acertado com a operação da trincha. Em experimento no Cerrado Mineiro (Santinato et alli, In Anais do 47 CBPC, Funprocafé, 2023, p.61), foi mostrado que, com terreno sujo, a eficiência de varrição foi de 64,5% e, de recolhimento, de 78,3%. No mesmo local, com terreno limpo, trinchado, a eficiência foi de 94,9% na varrição e de 96,8% no recolhimento dos frutos do chão. 

Área já com resíduos enleirados pela varre-tudo e com mato (à esquerda) e a área depois da passagem da tricha, que faz, ao mesmo tempo, a trinchagem dos resíduos dos cafeeiros (folhas e ramos) e também trincha o mato, deixando o solo limpo para o recolhimento do café de varrição (à direita)

Pode-se ver uma fileira com os resíduos e o mato (à direita) e uma que já teve o trabalho de trinchagem (à esquerda)