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Há 10 anos conheci o Fairtrade

POR ULISSES FERREIRA DE OLIVEIRA

ULISSES FERREIRA

EM 26/04/2016

3 MIN DE LEITURA

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Por Ulisses Ferreira*

Já se passaram 10 anos desde meu primeiro contato com o movimento Fairtrade, ainda me lembro como se fosse hoje, foi durante uma visita técnica realizada por membros do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Poços de Caldas (MG) a uma, até então, desconhecida Cooperativa de Cafeicultores Familiares de Poço Fundo – Coopfam.

Foto ilustrativa: Lucas Albin / Agência Ophelia/ Café Editora
Cafezal em Divinolândia (SP)// Foto ilustrativa: Lucas Albin / Agência Ophelia/ Café Editora


Eu, um jovem idealista, me encantei logo no início, antes mesmo do Presidente apresentar a cooperativa, um cooperado, cafeicultor familiar, simples, do lado de fora da cooperativa, à sombra de uma árvore, nos contou com detalhes de quem estava por dentro de tudo como a cooperativa beneficiava as famílias. Disse que o Fairtrade foi a melhor coisa que aconteceu para todos (por onde ando ainda escuto essa expressão).

A visita foi um choque, me lembro de sair de lá pensando, como nós (de Poços de Caldas) podemos estar tão atrás de produtores de uma cidade com pouco mais de 15.000 habitantes? Pena que a nossa visita técnica teve a participação de poucos produtores! (essa é a resposta).

A conversa com o presidente foi ainda mais motivadora. Saber que existia um mercado alternativo, o qual estava disposto a pagar um preço justo, um prêmio e ainda investir na comunidade, e que as exigências para estar nesse mercado eram: produtores deveriam se organizar, planejar, que a cooperativa fosse transparente, que os produtores participassem efetivamente, que utilizassem EPI, que não fizessem o uso de alguns defensivos proibidos em vários países, que fizessem cursos, que melhorassem a qualidade dos cafés, que cuidassem da natureza, das crianças e da comunidade. Parecia um sonho. Utopia!

Ao voltar à triste realidade de Poços de Caldas que, em 2006, tinha uma classe de produtores desunida, pouco participativa, uma cooperativa que quase faliu e que levou a história de vida de centenas de produtores, cafeicultores abandonando a atividade, muitos se aventurando na Itália, EUA, os que continuavam faziam a marcha S.O.S Cafeicultura, pois não aguentavam preços pagos por atravessadores. Aquilo precisava ser mudado.

E mudou! Graças a parcerias e alguns produtores que acreditaram, em 2007 teve inicio uma grande transformação capitaneada pela Assodantas (destaque para o Sr. João Piva, cafeicultor familiar, líder nato e visionário), cerca de 20 produtores iniciaram um sonho, certificar Fair Trade e exportar café de qualidade.

Com o apoio do Sebrae (Vanusa e Andrea Salerno) da Prefeitura (Marcos Tadeu Sansão), da Bourbon (Cristiano Ottoni) e da Unipasv, hoje Coopasv (Beatriz), os produtores se organizaram e levaram 2 anos de reuniões mensais à noite, de cursos, de visitas técnicas, conseguiram a certificação.

O comunicado da decisão da FLO-CERT por conceder a certificação veio da Alemanha, mas por meio de um brasileiro, Eduardo Abraços Bruhm, que recentemente esteve em Poços de Caldas para um bate papo muito enriquecedor sobre o Fairtrade no Brasil.

Nessas voltas que o mundo dá a paixão pelo movimento só aumentava e em 2010 disse a um membro do Fair Trade no Brasil, o jovem Reinaldo Rodrigues, que Poços de Caldas seria a primeira Cidade de Comércio Justo do Brasil (Fair Trade Town). E não foi diferente, em outubro de 2012 o Sr. Naji Harb, presidente da Iniciativa Fairtrade Brasil, veio à Poços de Caldas entregar o certificado de Fairtrade Town para nossa cidade.

Passados esses 10 anos muita coisa mudou na vida dos produtores. Esses vivem da exportação de seu principal produto para consumidores conscientes da Europa e dos EUA, mas sempre me questionam porque o consumidor brasileiro não se preocupa com o que chega a sua mesa?

Infelizmente sempre que apresento o Fairtrade no Brasil as pessoas têm um pré-conceito quanto ao tema. De um lado aqueles que enxergam no movimento como uma versão moderna do socialismo, e outros dizem que o Fair Trade é uma forma de países desenvolvidos taxarem a entrada de produtos oriundos de países em desenvolvimento. Vejam que contraditório. Triste é saber que pessoas com seus pré-conceitos não conhecem a realidade dos produtores, o antes e o depois do Fair Trade.

Mas isso tem mudado, e o novo desafio que encaro agora é fazer com que mais pessoas, mais organizações, mais empresas passem a apoiar esse movimento, vamos andar as regiões do país identificando atores capazes de criar movimentos locais de apoio ao comércio justo e solidário, vamos difundir o conceito de cidade de comércio justo, vamos desenvolver campanhas participativas para que os consumidores conheçam o selo Fair Trade e façam a pergunta: de onde vem nosso alimento? A cadeia produtiva valoriza os explora produtores?

Vou atualizar aqui no site CaféPoint como está o movimento! Acompanhem! 

*Ulisses Ferreira é especialista em cafeicultura sustentável e consultor de associações e certificações agrícolas

ULISSES FERREIRA DE OLIVEIRA

Administrador, especialista em cafeicultura sustentável, Diretor do Departamento de Desenvolvimento e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Botelhos e consultor de associações e certificações agrícolas.

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CLAUDIA ROMERO DUARTE

EM 15/06/2018

Fórum de Discussão sobre Comércio Justo e Ético entre a União Europeia e o Brasil . O primeiro Fórum de Discussão sobre Comércio Justo e Ético entre a União Europeia e o Brasil será realizado no dia 21 de Junho, no Hotel Pestana, no Rio de Janeiro.
https://www.eubrfairtradeproject.com.br/
ULISSES FERREIRA DE OLIVEIRA

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/05/2016

Guilherme tenho visto seu trabalho no Paraná também, e estaremos em contato, pois estamos iniciando o fortalecimento da Assonery.



Quanto às futuras gerações acredito que o Fair Trade pode e deve ser transformador inspirando esses jovens a participar da atividade e conhecer o mercado, para isso é fundamental que exista abertura, ou seja, que produtores incentivem e facilitem a participação da juventude. Neste sentido vale a pena conferir o site do IPEA que estará promovendo um seminário segunda dia 30 sobre a juventude no Brasil.



https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=27784&catid=10&Itemid=9
ULISSES FERREIRA DE OLIVEIRA

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/05/2016

Gabriela o próximo chamado é São Paulo, rs
ULISSES FERREIRA DE OLIVEIRA

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/05/2016

Cláudio, obrigado pelas palavras, mas acredite apenas tenho a abertura aqui no portal café Point para compartilhar essa experiência, existem várias pessoas com atitudes e sonhos construindo uma nova possibilidade de mercado para pequenos produtores no Brasil e no Mundo.
ULISSES FERREIRA DE OLIVEIRA

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/05/2016

Adelber todos sabemos que a cafeicultura é uma atividade apaixonante, todos que trabalham no setor se dedicam porque primeiramente gostam do que fazem, eu tive o privilégio de conhecer a cafeicultura e depois o Fair Trade que é um movimento também muito inspirador e envolvente, estar em contato com produtoras(es) que arregaçam as mangas e buscam mudar sua realidade é o que me inspira em poder fazer o melhor.



Por isso compartilho essas experiências aqui, pois quero que cada vez mais pessoas conheçam o Fair Trade e que o movimento cresça cada vez mais.
GUILHERME DOS SANTOS SALOMÃO

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/05/2016

Parabéns Ulisses, acompanho de longe, e de vez em quando de perto, todos estes trabalhos em Poços. Seus trabalhos e dos produtores é claro, como você bem citou o João Piva, e posso garantir que serão de muito bom proveito não só para as pessoas envolvidas agora, mas principalmente para as próximas gerações de cafeicultores, que já estão se constituindo neste novo cenário, o da qualidade e sustentabilidade.



Conte conosco para o que precisar. att
GABRIELA DOMINGUES

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 06/05/2016

Ouvir o chamado e começar a agir - assim se tecem mudanças.
CLÁUDIO BARBOSA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/04/2016

Permita-me assinar embaixo de suas palavras, Sr. Adelber, é graças a atitudes e sonhos como os do Sr. Ulisses que se transforma.

Cláudio Barbosa.
ADELBER VILHENA BRAGA

CAMPESTRE - MINAS GERAIS

EM 26/04/2016

Parabéns Professor Ulisses pela paixão com que realiza seu trabalho.

Sua motivação nos empolga  e impulsiona a acreditar em um futuro melhor para nossos filhos, e mais justo especialmente para os cafeicultores familiares que são a grande base da economia regional.



Abração!

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