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Mudanças climáticas, safras brasileiras e a discrepância dos tetos: a visão de um leigo

POR CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 13/11/2014

3 MIN DE LEITURA

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Foto: Alexia Santi/ Agencia Ophelia/ Café Editora
Foto: Alexia Santi/ Agencia Ophelia/ Café Editora

Nunca antes as opiniões de climatologistas tiveram tanta demanda pelo pessoal ligado ao café no Brasil e eu certamente estou entre aqueles demandantes por estas opiniões. Já escutei tanto de diferentes fontes que me aventuro a apresentar minhas conclusões de leigo na esperança que isso possa facilitar o debate.

Eu começo mencionando de modo muito generalizado a principal diferença entre as causas das perdas de safra em 2014 e 2015. A floração em 2013 foi normal e até vigorosa, o que levou a uma formação inicial de cerejas que causou uma expectativa de uma safra muito boa para 2014. No entanto, a estiagem do primeiro trimestre de 2014 levou à frustração de expectativas porque as cerejas não se desenvolveram completamente e produziram grãos que foram menores e mais leves que o normal, defeituosos e mesmo negros em razão das altas temperaturas até em regiões que são irrigadas.

Esta mesma falta de chuva limitou o desenvolvimento dos ramos do cafeeiro que estão agora carregando as flores e que irão produzir café em 2015. Mesmo assumindo que as chuvas serão normais de agora em diante e que as flores se transformarão em cerejas saudáveis, já é possível afirmar que a safra de 2015 será menor que a média porque haverá menor número de cerejas devido ao precário crescimento vegetativo do café. Não houve crescimento suficiente dos ramos e tem-se número menor de internódulos, que é onde as flores e as cerejas se desenvolvem. Floração não seguida por chuva suficiente para se fazer as flores se transformarem em cerejas aconteceu em algumas regiões, em muitos lugares a florada principal tardou a pegar o que diminuirá o período de maturação das cerejas e o mês de outubro, em particular, foi mais quente que o normal. Isso tudo tende a provocar perdas maiores para 2015. Todavia, florações recentes seguidas por chuva podem compensar estas perdas mas não em todas as regiões.

Em suma, a estiagem provocou o subdesenvolvimento de muitas cerejas em 2014 e uma redução na produção de cerejas para a safra de 2015. Se as perdas de 2015 se restringirão ao menor número de cerejas, que se desenvolverão em todo seu potencial, ou se haverá perdas maiores em razão de má formação de grãos dependerá das condições meteorológicas dos próximos meses e especialmente as dos primeiros meses de 2015. Qual é a previsão do tempo para estes meses?

Existem várias teorias sobre o que ocorreu em 2014, variando de um fato isolado e extraordinário que não se repetirá a um padrão que ocorre a cada tantos anos e até teorias sobre um novo padrão meteorológico cuja frequência ainda está para ser determinada. As projeções atuais indicam que a precipitação do próximo janeiro a março poderá ser menor que a média mas não tão baixa quanto em 2014. Padrões similares de chuvas do passado sugerem que a precipitação pode ser menor que a média pelos próximos cinco a sete anos, mas progressivamente se aproximando da média histórica.

O que esperar de 2015? Se a chuva e as temperaturas voltarem ao normal, uma safra do mesmo tamanho da de 2014 ou pouco menor devido às perdas já ocorridas devido ao crescimento insuficiente dos ramos e às floradas já perdidas. Se houver falta de chuva e/ou temperaturas acima da média, a safra de 2015 poderá ser menor que a de 2014, quão menor dependerá da severidade do clima.

Aqueles que insistem em uma safra de 2015 que é significativamente maior que a de 2014 estão ignorando o fato que a safra de 2015 já está comprometida pelos fatores apresentados anteriormente – crescimento insuficiente dos ramos principalmente, mas perda de florada também – e eles estão, portanto, estabelecendo uma safra potencial maior ou um teto maior do que o que deveria ser esperado. É esta discrepância de tetos que geralmente cria grandes disparidades entre as estimativas de safra que reportam os mesmos problemas e predizem perdas similares mas partem de diferentes potenciais de safra (ou tetos) que, às vezes, estão bem distantes. Isto pode explicar uma longa série de diferenças entre as estimativas oficiais da CONAB e as estimativas de companhias e as do USDA. Ainda está para ser revelado quem está certo, mas desta vez nós acreditamos que o mercado está estabelecendo um teto que simplesmente não existe.
 

CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação à nível de doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café

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JANIO ZEFERINO DA SILVA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/11/2014

Caro Carlos Brando,

Seu texto é correto em todas as premissas e conclusões.

A próxima safra será menor que a atual com toda certeza.

Um dado muito relevante foi o aumento das áreas esqueletadas. Pelos dados da CONAB são mais de 100 mil ha que deixarão de produzir em 2015.

O que é preciso neste momento é fazer vendas seletivas e proteger sua safra.

Lembrar também que preços muito altos são muito prejudiciais aos produtores porque aumentam o plantio em todo o mundo e mais área é igual a mais produção e mais produção é preço menor
VIAVERDE CONSULTORIA AGROPECUÁRIA

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/11/2014

Prezado Carlos Brando, parabéns pelo texto.



Gostaria de acrescentar um ponto: o cafeeiro, assim como diversas outras espécies de plantas, tem como mecanismo de sobrevivência derrubar suas folhas quando o déficit hídrico se acentua.

como as chuvas tardaram a cair, o que notamos hoje rodando campo é que mesmo lavouras bem cuidadas, com manejo nutricional adequado, perderam folhas velhas em demasia, restando, em sua maioria,  folhas novas. Em outras palavras, a fonte primordial de carboidratos - as folhas pré-existentes - foram ao chão. Temos, portanto, menos fábricas de encher grãos.

Um abraço.
SERGIO AFONSO POLTRONIERI

LINHARES - ESPÍRITO SANTO - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 15/11/2014

Analise bem profunda e correta. 2014 sabemos da produção, 2015 já se tem uma ideia  da safra, mas está longe pra se falar de quantidade, ainda estamos nas mãos do clima. Produtores, comerciantes em geral, industrias, enfim todos estamos com os nervos a flor da pele, em virtude das incertezas da produção brasileira para os próximos anos.
FRUTO FINO

CARANGOLA - TOCANTINS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/11/2014

Obrigadíssima por elucidar este cenário de uma forma coerente que leigos como eu conseguem entender!!
EDUARDO LIMA

OURO FINO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/11/2014

Uma análise muito bem fundamentada para um "leigo". Esse é realmente o cenário que se fez até o momento. quanto às previsões desencontradas, nada mais é do que fruto de uma cafeicultura abandonada a sua própria sorte, como aliás, tudo neste país.
MURILO DE FREITAS FERRACIN

MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/11/2014

Acredito que a análise é por aí, portanto, as perdas já estão consolidadas devido as altas temperaturas ocorridas antes das floradas e durante as floradas.

O alto índice de desfolhamento que as lavouras vindas de uma safra alta estavam, contribuirá para ocorrer uma perda de chumbinhos grandes como já está acontecendo.

O crescimento menor dos ramos produtivos devido a falta de chuva nos meses de janeiro e fevereiro deste ano junto com um tratamento um pouco mais tímido devido ao baixo preço que estava no ano anterior, também tem sua fatia de contribuição.

Com isso, qualquer chute de safra agora é no escuro, mais que as perdas do cerrado, sul e sudeste de Minas estão consolidadas, isto é fato.

E este ano está indo no mesmo ritmo: chuvas localizadas e sem intensidades. Só não pode acontecer um veranico novamente, senão teremos que pensar na água salgada.
WANDERLEY CINTRA FERREIRA

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/11/2014

Caro Amigo Carlos Brando . Parabéns pela matéria. Coerente, objetiva e dentro de nossa realidade, ignorada por muitos "conhecedores da cafeicultura". Além de tudo o que disse, importante considerar que em nossa região "Alta Mogiana" , a quantidade de cafeeiros esqueletados , neste ano,  é uma enormidade, podendo afirmar que em 2015 teremos muitos armazéns vazios.  Você não é leigo e sim  um dos maiores conhecedores do nosso setor.
WILLES SILVA

SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/11/2014

Cristais - MG Produção de café.



Excelente artigo. Minha sugestão é para que os técnicos da Conab/IIBGE, e outros órgãos do governo fiquem mais atentos ao divulgarem sua previsões de safras que atualmente não acertam, e acabam prejudicando  os produtores.


ANTONIO CARLOS SILVA

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/11/2014

Se as precipitações ficarem abaixo da média, a temperatura aumentando e, pelas lavouras que tenho visto aqui na região, teremos que "importar" café. Certamente a safra de 2015 será menor do que a de 2014.
DELVO FREIRE

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/11/2014

Eu também comungo com o parecer dos companheiros, é isto mesmo !......
JOSE DONIZETI ALVES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2014

Analise corretíssima. Tecnicamente impecável. Parabéns pela lucidez do texto.
JOSE DONIZETI ALVES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/11/2014

Analise corretíssima. Parabéns pela lucidez do texto.
FRANK SCANAVACHI

GUAPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/11/2014

Mesmo ponto de vista, mesma opinião! Se o clima não Cooperar Vai faltar muito Café daqui  em diante!

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