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Mudanças climáticas e a disponibilidade de arábicas

POR CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 12/02/2015

3 MIN DE LEITURA

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 Os últimos anos têm testemunhado perdas ocasionadas por mudanças climáticas na produção de arábica em diversas regiões do Brasil e do restante da América Latina, enquanto a produção de robusta tem crescido continuamente. A Colômbia, um dos principais produtores de arábica, apenas agora começa a beneficiar-se de um projeto de renovação de lavouras que coincidiu com um clima adverso, prejudicando durante anos o florescimento de seus cafezais. Costa Rica, Guatemala e outros países da América Central, além do México e Peru, afetados pela ferrugem favorecida pelo calor e umidade iniciados em 2011/2012, estrangularam o mercado de arábicas especiais e lavados. A maioria destes países ainda não recuperou os patamares de produção do período “pré-ferrugem”. A estiagem que atingiu o Brasil em 2014 veio em seguida ocasionando uma quebra de 5 milhões de sacas, além de perdas esperadas em 2015 como reflexo da seca do ano anterior e das condições atuais do clima – altas temperaturas e talvez uma estiagem moderada.

Enquanto as perdas na Colômbia afetaram o mercado para o arábica lavado de qualidade, as da América Central afetaram o mercado de cafés especiais e as perdas do México e Peru afetaram o mercado de orgânicos. Já as perdas no Brasil foram de longe as maiores em uma única safra, com impacto não apenas no mercado dos cafés naturais como também no fornecimento de lavados e de cereja descascados.

E embora os volumes estocados localmente tenham compensado a quebra na produção – o país apresentou uma exportação recorde em 2014 e ocupou o espaço deixado pelas quebras de safra de arábicas dos outros países – o quadro pode ser muito diferente em 2015, cuja safra indica os mesmos números de 2014 em um cenário de estoques esgotados.

O gráfico abaixo, com a média móvel de 4 anos da produção brasileira desde 2011, demonstra que uma safra 2015 semelhante a 2014 marcará a interrupção de um padrão médio de crescimento de produção total e de arábica, em particular, em mais de uma década. A inflexão representa a perda em relação à média móvel de quatro anos, contemplando os anos de 2014 e 2015 com redução de aproximadamente 2 a 3 milhões de sacas anuais, o que obviamente é inferior à quebra anual de fato, esta próxima a 5 milhões de sacas.


Teorias que explicam a seca de 2014 variam desde um fenômeno atípico isolado ou uma ocorrência cíclica a cada 40 anos aproximadamente a uma série de secas sucessíveis com perda de intensidade ao longo de um período de 3 a 5 anos. O comportamento do clima em janeiro último indica que muito além de um fenômeno isolado anual, o cenário atual poderia enquadrar-se nesteúltimopadrão descrito acima. Talvez ainda seja cedo para esta afirmação, mas existem bons motivos para esta hipótese. Como os produtores brasileiros de arábica irão reagir se as perdas causadas pela seca persistirem em 2015 e a probabilidade de recorrência em 2016 aumentar?

A resposta imediata seria a irrigação, que no entanto enfrenta barreiras crescentes tais como: disponibilidade de água, custos de outorga e necessidade de adaptação do manejo, além dos custos de implantação e operação destes sistemas. Isso sem contar que mesmo em áreas irrigadas, o café sofreu em 2014 com as altas temperaturas. Seria o caso da tendência em direção ao gotejamento ser revista em favor da aspersão, caso comprovado o benefício colateral de atenuante de calor nas áreas de café irrigado?

A prática de sombreamento em áreas já implantadas contribui para a manutenção da umidade e redução da temperatura, porém com impactos negativos naprodutividade e na possibilidade de mecanização da colheita. A qualidade do produto no entanto deve beneficiar-se deste sistema, uma vez que a prática induz um período de maturação mais longo, que apresenta uma correlação positiva com atributos desejáveis da bebida.

O uso de variedades resistentes a períodos prolongados de estiagem e altas temperaturas são soluções de longo prazo que não deveriam ser descartadas, considerando as indicações atuais de aquecimento global. Provavelmente seja ainda muito cedo para considerar a migração das lavouras em direção ao sul do país; o alto custo e dificuldade desta opção seria um último recurso após todas outras possibilidades se esgotarem.

Uma vez que, com exceção da irrigação, todas as soluções são de médio e longo prazo e períodos de estiagem devem fazer parte da realidade das principais áreas de produção do Brasil, encerro este artigo com as seguintes questões; primeiro, quais origens irão tomar o espaço do Brasil no mercado global, já que se trata de uma oportunidade aberta aos nossos competidorese, segundo, como o governo brasileiro e o setor privado reagirão a este desafio: política setorial, financiamento, pesquisa, transferência de tecnologia, seguros, etc?

CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação à nível de doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café

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MOUZER MESSIAS SANTOS

CRISTAIS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/02/2015

Olá Carlos Henrique Jorge Brando! Gostei muito da sua publicação. Estou me formando este ano no curso técnico em cafeicultura pelo Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Sul de Minas Gerais e, também sou produtor de café. Concordo com todas as alternativas de soluções a produção, que venha amenizar os efeitos da seca e das altas temperaturas que foram citadas no seu texto. Algumas com seus entraves! Só acho muito difícil a migração da cafeicultura para as regiões sul do Brasil, especialmente SC e RS, onde os extremos de temperatura oscilam mais que em MG, SP e ES. Temperaturas médias anuais, com limites entre 18 e 22 graus, são as mais favoráveis, estando a ideal entre 19 a 21 graus, desde que sejam regiões livres ou poucas sujeitas a geadas. As regiões com temperaturas médias anuais abaixo de 18 graus e acima de 23 graus são inaptas para o cultivo de café arábica. Creio que a média de temperatura em SC e RS possa ficar dentro do estabelecido, mas os picos oscilam muito para baixo e para cima, dificultando o desenvolvimento das plantas, para não falar nas probabilidades de geadas. Discutimos muito esta questão na disciplina de fisiologia, mas acho pouco provável isso acontecer.



Abraços...
ARTUR SAABOR

EM 13/02/2015

Caro Carlos,

Mais um brilhante Artigo pela visão estratégica de médio e longo prazos, tão rara hoje.....

Tenho tentado implantar esta visão por aqui.

Um abraço.

Artur Saabor
WALTER MORA

COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 13/02/2015

Debe de analizarse  si es tan importante producir tanto cafe solo por ser el No.1  o quien lo obliga a esa situacion.  Yo considero que debe de ser mas especialista usar menos area a sembrar  tener un calidad mas calificada agregar valores que los tostadores estarian dispuestos a pagar mucho mejor siempre y cuando la zona  sea especial para ese cultibo especial.  y la area restante producir oxigeno para el planeta hay organizaciones mundiales que pagan para tal fin,,,,



MIENTRAS SE PRODUSCA MENOS CANTIDAD DE CAFE USAR MENOS AGUA Y LA CALIDAD DEL CAFE VA SER MEJOR  Y SU VALOR DUPLICADO  y el mercado internacional  tendra mas equilibrio de precios.  saludos
RONEY

CARMO DE MINAS - MINAS GERAIS - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 13/02/2015

Ótima reflexão !  Figura importantíssima para o mercado do café como um todo.

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