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Coffeeonomics - Como os incentivos moldam o mercado e cultura do café

POR JOAO ALBERTO BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 02/01/2015

4 MIN DE LEITURA

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Por João Alberto, gerente da consultoria P&A. Economista pela FEA-USP e mestre em economia e finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP)



Economistas, como eu, gostamos de analisar incentivos (visíveis ou ocultos) aos quais as pessoas estão expostas quando tomam decisões. Incentivos são a base da análise econômica e da avaliação de políticas públicas. Como estamos constantemente expostos a diversas formas de incentivos, não seria exagero afirmar que eles moldam nosso dia a dia e costumes.

Foto ilustrativa: Guilherme Gomes/ Café Editora
Foto ilustrativa: Guilherme Gomes/ Café Editora

Algumas vezes políticas públicas criam incentivos que minam as intenções originais dos formuladores da política. Um exemplo clássico é a lei que torna obrigatório o uso do cinto de segurança. Uma vez usando o cinto de segurança, o motorista sente-se seguro e possui um incentivo para acelerar. O provável resultado disso é o aumento da ocorrência de acidentes de carro naquela localidade em comparação com o período anterior à lei do cinto de segurança.

A maior parte das vezes os incentivos são criados pelo mercado. E isto não é diferente no mundo do café. Então vamos dar uma olhada em alguns incentivos, e seus resultados, que estão atualmente afetando o mercado do café e o modo em que o consumimos.

Foto ilustrativa: Guilherme Gomes/ Café Editora
 
Foto ilustrativa: Guilherme Gomes/ Café Editora


Começando pela ponta do consumo da cadeia, hoje é comum vermos coffee trucks em cidades grandes servindo um menu completo de bebidas a base de café e que não deixa nada a desejar em relação a qualquer cafeteria. Esta é uma tendência que já afeta a cadeia de suprimentos de cafeterias, fabricantes de máquinas e equipamentos principalmente, e os consumidores que agora possuem uma nova opção para sua conveniência. Eu estou bastante convencido que a ideia de um coffee truck não foi concebida dentro de um departamento de marketing, mas sim no departamento financeiro destas companhias de café. A valorização imobiliária dos grandes centros está criando grandes incentivos para as cafeterias abandonarem suas lojas físicas e se mudarem literalmente para a rua.

Este é o motivo de não vermos esta febre dos food trucks atingir cidades menores ou locais onde a valorização imobiliária ainda não virou um problema na estrutura de custo das empresas. Você pode questionar por qual razão, então, isso não ocorreu antes, principalmente nos EUA, quando os preços dos imóveis estavam disparando (pré-crise de 2008). A razão para isso não ter acontecido então, ao meu ver, é que a renda disponível naquela época era maior, tanto das cafeterias quanto de seus clientes.

De modo similar, outras pressões de custo estão criando incentivos para as redes de cafeterias mudarem seus cardápios afetando, assim, os hábitos e o perfil típico dos consumidores destes locais. Em 2014, houve grandes aumentos nos preços do café, leite e cacau. Todos, quando combinados, são significantes para a estrutura de custos de um cardápio de bebidas, que é o principal piar de qualquer cafeteria. Aumentar os preços cobrados pelas bebidas a base de café pode ser, então, bastante danoso para a demanda de curto prazo e para as perspectivas de longo prazo de uma cafeteria. E este fato está criando incentivos para os gestores destas companhias buscarem formas alternativas de preservarem suas margens de lucro sem aumentarem os preços das bebidas de café.
É esta a razão pela qual cardápios inteiros de cafeterias estão sendo reformulados com uma notável expansão da parcela de comidas e doces destes cardápios. Cafeterias estão “lanchonetizando” seus menus e empurrando nos clientes comidas com preços (e margens) maiores. É esperado que o nível de demanda por comida em uma cafeteria seja menos sensível ao aumento de preço do que o nível da demanda por café. Então, este movimento de aumento da oferta de comida tem o resultado esperado de manutenção das margens das cafeterias sem a necessidade de aumento dos preços das bebidas. Esta estratégia é chamada subsídio cruzado do custo do produto.

Como mostrado acima, os preços são os principais formadores de incentivos na economia. Mudando do consumidor final da cadeia em direção à produção, quais são os incentivos sendo criados pelo aumento de preços do café neste ano?

Um incentivo óbvio é o aumento no plantio de novos cafezais que afetarão a produção total no médio prazo. Mas os preços mais altos também criarão incentivos para o aumento da produtividade? Isto é algo que merece um estudo mais aprofundado. Por um lado, o produtor de café que recebe preços maiores tende a ter mais renda disponível para investir no aumento de sua produtividade. Por outro lado, um preço alto, que retorna uma boa margem de lucro pode satisfazer o produtor até um ponto de saciedade no qual ele não possui muitos incentivos para aumentar ainda mais sua margem de lucro por meio de aumento de produtividade. Se este for o caso, um ambiente de mercado com preços mais baixos pode ser melhor para o aumento de produtividade na produção de café do que um cenário de preço alto.
 

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