Por Silas Brasileiro*
Nas últimas duas semanas, o mercado de café tem refletido as informações divulgadas pelo Conselho Nacional do Café (CNC) em relação à safra, ao volume de colheita e aos estoques de passagem. Contrariamente ao cenário de duas semanas atrás, as informações atualmente divulgadas coincidem com aquelas que buscamos transmitir, tendo o cuidado de não influenciar os preços ou orientar os produtores sobre o momento adequado para colocar seus cafés no mercado.
Conforme afirmado anteriormente, a decisão de quando agir é responsabilidade de cada produtor. No entanto, como representante da produção, é nossa atribuição fornecer informações para que cada cafeicultor possa tomar sua decisão no momento que lhe parecer oportuno.
Com o retorno do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, de sua bem-sucedida viagem, o trabalho de sua competente equipe, especialmente da Secretaria de Política Agrícola (SPA), chefiada por Wilson Vaz de Araújo, e de todo o departamento de café, conduzido pelo Diretor de Comercialização, Sílvio Farnese, e coordenado por Janaína Macedo, resultou na preparação da maioria dos contratos com os agentes financeiros. Agora, com a assinatura do ministro, os recursos serão disponibilizados aos agentes financeiros e, por conseguinte, chegarão às mãos dos operadores, incluindo nossos bancos e cooperativas de crédito.
É importante reiterar que, sem a intenção de influenciar no momento adequado para comercializar a produção, estamos cumprindo nosso dever de fornecer informações de acordo com a safra que está sendo colhida.
Sobre a nova legislação aprovada pelo Parlamento Europeu e seguida pelos Estados Unidos, a cadeia produtiva do café iniciou imediatamente seus diálogos com a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, logo após tomar conhecimento das propostas em pauta. Antecipamos as preocupações, que não tem fundamento, no mercado consumidor. Isso se dá pelo fato de que o café brasileiro é produzido em conformidade com os princípios de sustentabilidade, muito antes da imposição da nova legislação.
Temos enfatizado essa premissa em todas as oportunidades, por meio de nossa participação ativa através do Conselho Nacional do Café, do apoio do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e de nossa representação diplomática junto aos Organismos Internacionais em Londres (Rebraslon). Participamos de seminários e reuniões da Força-Tarefa Público-Privada da Organização Internacional do Café (OIC). Mantemos diálogos individualizados com os principais líderes europeus e americanos, deixando claro que o Brasil não deve ser equiparado a outros fornecedores que, por questões de respeito, não mencionaremos. Esses países produtores não possuem uma legislação própria voltada para o social ou o ambiental.
Persistiremos nesse esforço incansável para evitar que a produção de café brasileira seja prejudicada ou que sofra sanções injustas. Acreditamos que tal situação decorre da falta de entendimento daqueles que buscam impor regulamentações que já são praticadas na cafeicultura brasileira, adaptando outras que efetivamente possam ser ajustadas de acordo com as exigências do mercado consumidor. Estas são as considerações do Conselho Nacional do Café.
*Silas Brasileiro é presidente do Conselho Nacional do Café (CNC).