Por Rodrigo Costa*
A velocidade de contaminação pelo coronavírus na China diminuiu nos últimos dias, muito embora alguns levantem dúvidas, dada a mudança de critérios para o diagnóstico adotado pelo governo chinês.
A proximidade do fim do inverno no hemisfério norte, por sinal bem ameno, também traz otimismo para um eventual “desparecimento” do vírus tão logo o tempo volte a esquentar na primavera – ou seja, em dois meses.
As bolsas de ações permanecem firmes, o dólar americano também, mas a apreciação do último não impediu o CRB em recuperar.
Tomando carona, o café subiu nos últimos cinco dias mesmo com o Real brasileiro negociando em novo recorde, a R$ 4.3829, e tecnicamente voltando a território positivo – o que, provavelmente, vai forçar os fundos a cobrirem outra parte das novas vendas colocadas em seus livros.
Como mencionei no comentário da semana passada, o terminal é muito leve de venda depois do forte rally do contrato “C” no último trimestre de 2019, pois os produtores aproveitaram o momento para vender seus cafés, logo, Nova Iorque puxa US$ 5 centavos por libra, como notamos, com muito mais facilidade do que quando o fluxo no mercado físico era frenético.
A indústria também não acreditava em tamanha queda (vista em janeiro) e aproveita para por cobertura para dentro, como podemos observar, os comerciais aumentando suas compras no relatório divulgado pelo CFTC nas sextas-feiras.
A bolsa volta para cima dos US$ 110.00 centavos, onde acredito deve ser o piso de um intervalo que deve se manter até a entrada da safra – talvez com potencial de puxar até os US$ 130.00 centavos por libra com o real eventualmente firmando.
Os diferenciais pouco se alteraram, sendo que os de algumas origens, inclusive, firmaram mais um pouco.
A demanda internacional aquecida, assim como intermediários precisando honrar seus embarques, fazem das ofertas insuficientes, ao menos momentaneamente, dando fôlego para as cotações internacionais subirem mais.
No Brasil, os embarques de janeiro totalizaram 3.221.639 sacas, um volume forte que fortalece as produções anteriores maiores – que obviamente impactam os estoques locais. Vale notar que já são dezoito meses consecutivos de exportações acima das 3 milhões de sacas, ou seja, desde julho de 2018.
A maior cooperativa do mundo, a respeitada Cooxupé, estima uma produção de 2020/2021 em 62 milhões de sacas, virtualmente igual à 2018/2019. Importante ressaltar a declaração de seu presidente, o Sr. Carlos Augusto, apontando para um volume pré-negociado próximo de 40% do que esperam receber de seus cooperados.
Imaginar uma pressão vendedora na entrada da colheita brasileira talvez não seja totalmente carta fora do baralho em função de alguns não terem acesso a crédito, mas certamente caso exista tal pressão, aguardada pelos baixistas, me parece que pode não ser grande e durar pouco.
Segunda-feira é feriado aqui em Nova Iorque e na semana seguinte é carnaval no Brasil.
Não haverá comentário na próxima semana, volto a escrever no final de semana do dia 29 de fevereiro.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting