Por Marcos Matos e Marjorie Miranda*
As ações de sustentabilidade e de responsabilidade social promovidas pelo agronegócio brasileiro resultaram na maior integração entre os agentes das cadeias produtivas e na melhoria de renda aos produtores rurais. Essa é uma das razões para que o Brasil, em 50 anos, passasse de importador de alimentos para uma das principais potências agropecuárias do mundo. Nesse período, o desenvolvimento do setor permitiu à maioria da população o acesso a uma alimentação saudável e diversificada, com crescentes volumes exportados.
No caso da cadeia produtiva do café, o fortalecimento de sistemas agroindustriais sustentáveis tem sido constante, por meio de iniciativas que aproximam os produtores rurais, com ações que buscam o desenvolvimento de novas tecnologias e inovação. Para contribuir ainda mais, o setor exportador de café promove, há mais de 15 anos, práticas que buscam a inclusão digital e a disseminação de boas práticas agrícolas para melhorar os processos produtivos, com aumento considerável na produtividade, na qualidade do café colhido e na rentabilidade do pequeno e médio produtor.
O setor exportador de café, representado pelo Cecafé – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, sempre acreditou nos benefícios diretos das ações de sustentabilidade na renda dos cafeicultores e, consequentemente, no sólido crescimento das vendas externas e acesso aos mais diversificados e exigentes mercados de café.
Nesse sentido, um recente estudo desenvolvido no programa de pós-graduação em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP, em parceria com o Senar-MG e o Imaflora, avaliou o impacto da adoção de práticas de sustentabilidade como alternativa viável para os produtores de café de Minas Gerais.
Os debates relacionados à sustentabilidade e os questionamentos em relação ao real custo/benefício para a adoção de boas práticas têm sido cada vez mais frequentes, o que requer uma avaliação com rigor acadêmico, com base em dados reais de cafeicultores.
As informações primárias foram obtidas de cafeicultores que participam do Programa Educampo, um programa de gestão rural de fazendas, com produção de café na região do Cerrado de Minas Gerais. De acordo com a autora, entre as práticas sustentáveis observadas estão o sistema de gestão, a certificação, o manejo integrado dos cultivos, o manejo e conservação do solo, o manejo integrado dos resíduos, a conservação de ecossistemas, o tratamento justo e boas condições de trabalho, a conservação dos recursos hídricos, entre outros.
De acordo com os resultados, os resultados obtidos da análise sobre o efeito da sustentabilidade sobre o desempenho econômico dos produtores auxiliará na promoção dos cafés brasileiros, na formulação de políticas públicas quanto a estratégias voltadas à ampliação de programas com foco na adoção das melhores práticas agrícolas. Tal fato se justifica pelos efeitos positivos da sustentabilidade sobre a produtividade e sobre a renda bruta dos produtores de café avaliados, embora ainda de forma limitada.
O que se pôde afirmar, segundo o estudo, é que as boas práticas agrícolas não comprometeram o desempenho econômico das propriedades rurais, o que desmistifica a crença de que a tais aplicações pudessem impactar negativamente a viabilidade econômico-financeira da cafeicultura brasileira.
Como considerações finais, a ampliação da adoção das boas práticas, por meio da integração de parceiros, resulta em esforços que colocam o País no caminho certo para garantir competitividade e liderança absoluta no comércio mundial de café.
Para o Cecafé, este é o caminho para que o Brasil continue a atender os mais diversos e exigentes mercados, principalmente no que refere a qualidade e sustentabilidade.
*Marcos Matos é Diretor Geral do Cecafé e Marjorie Miranda é Coordenadora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Cecafé.
Referência:
A Dimensão Econômica da Sustentabilidade Socioambiental na Agropecuária Brasileira. Autora: Dienice Ana Bini. Disponível aqui.