Por Rodrigo Costa*
As bolsas de ações cederam nos últimos cinco dias, influenciadas pelas incertezas das respostas das economias na reabertura gradual entre os países desenvolvidos e pela elevação do tom do presidente Donald Trump na disputa comercial com a China – como se já não existisse problemas suficientes para serem resolvidos.
A concordata declarada por uma grande loja de departamento americana, que já vinha a algum tempo lutando para revitalizar seu modelo de negócios, alerta o receio de muitos, já que mesmo com uma eventual abertura total do comércio as novas regras limitarão o tráfego de pessoas, sem mencionar o medo dos consumidores em se expor ao vírus que ainda não tem uma vacina ou remédio efetivo para curá-lo.
Os índices de commodities ficaram de lado, mas houve movimentos agudos entre os componentes do CRB, por exemplo, onde o petróleo subiu quase 20% e o suíno magro cedeu 14% em cinco dias. O café caiu 4.81% em Nova York e ficou virtualmente inalterado em Londres.
As exportações brasileiras em abril totalizaram 3.348.601 sacas, as de março foram revisadas para cima e tudo indica que o País vai encerrar mais um ano-safra com embarques acima de 40 milhões de sacas.
A estatística contradiz os altistas que há muito tempo acreditavam em um fluxo bem mais modesto apontando estoques baixos na principal origem. Os dados devem forçar a revisão do tamanho das safras anteriores e/ou do estoque de passagem, mesmo que haja alguma perda do consumo doméstico por causa da covid-19.
Falando em consumo, uma apresentação da respeitada Euromonitor, divulgada nesta semana, faz um prognóstico de perda do desaparecimento nos Estados Unidos em quase 3% no ano e estima uma recuperação muito lenta – algo bem negativo para as cotações.
Os estoques americanos em abril aumentaram em 494.299 sacas, segundo a Green Coffee Association. O incremento é maior do que a média de cinco e dez anos, que fira ao redor de 130 mil sacas, e não muito animador para os altistas – ainda mais se eventualmente o consumo de fato arrefecer.
Os diferenciais se mantêm barateados para os naturais, reflexo do desencaixe de oferta e demanda mencionado neste espaço no comentário anterior. Por outro lado, os suaves não enfraquecem, pelo contrário, mas neste ponto pesa uma mudança nos padrões de consumo, mesmo que pontual.
A colheita no Brasil adiantada ajuda os produtores em um momento que o Real negocia em suas mínimas, e neste ponto os bancos e analistas já preveem uma cotação do câmbio acima dos R$ 6.00 por algum tempo.
O contrato “C” precisa respeitar os US$ 103.80 para não atrair uma nova onda de venda dos fundos.
Uma ótima semana e bons negócios a todos com muita cautela e saúde.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting