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Robustas de qualidade: dos laboratórios para o consumidor

POR LUIZ GONZAGA DE CASTRO JUNIOR

E EDUARDO CESAR SILVA

ESPAÇO ABERTO

EM 15/07/2013

3 MIN DE LEITURA

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A cafeicultura de arábica atravessa um momento delicado, com cotações em queda. Ao mesmo tempo, o setor observa um incrível aumento na procura pelos grãos de robusta1. A alteração na demanda das duas principais espécies comerciais de café precisa ser analisada não apenas sob a perspectiva dos preços, onde o robusta é mais competitivo, mas também com relação ao potencial de utilização destes grãos nos blends dos grandes torrefadores.

Com este artigo, pretendemos apresentar evidências de que a indústria do café possui processos capazes de melhorar a qualidade dos grãos de robusta. O resultado direto destas tecnologias é a maior utilização deles nos blends.

Os grandes torrefadores estão, há décadas, em busca da “pedra filosofal”2 da qualidade do café. Ela seria uma tecnologia capaz de transformar grãos de baixa qualidade em medianos, ou medianos em “especiais”. Ao que parece, a indústria está bastante adiantada nessa busca. Trata-se de algo extremamente relevante e praticamente ignorado pelo setor produtivo.

O método conhecido como vaporização, que aplicado aos grãos de robusta reduz atributos indesejáveis na bebida, já é bastante conhecido, mas não se trata da última cartada da indústria. A patente US 2008/0299283 A1 3, pertencente a Starbucks, descreve um “processo para modificação do sabor do café” que pode ser aplicado tanto aos grãos de café robusta quanto aos de arábica.

Em poucas palavras, funciona assim: os grãos beneficiados são imersos em uma solução aquosa capaz de modificar os precursores do sabor do café. O resultado é uma bebida “significativamente menos amarga” do aquela obtida por grãos “naturais” de robusta. Além disso, não há ocorrência de algum gosto residual que denuncie o processo, o que é uma vantagem frente ao método de vaporização. O documento também cita que grãos de café arábica inferiores apresentaram um aumento de qualidade após o processo. A patente pode ser acessada na internet e seria interessante que os especialistas em qualidade opinassem sobre o método descrito nela (clique aqui para acessar).

A patente da Starbucks não é a única que descreve um processo para incrementar a qualidade dos grãos de café. Em nossa pesquisa encontramos registros que remontam à década de 1970, além de tecnologias patenteadas por praticamente todos os principais torrefadores do mundo: Tchibo, Sara Lee (atual Master Blenders), Nestlé e Kraft (atual Mondelez). Essas patentes são de domínio público e estão disponíveis para consulta na internet.

Com o uso de novas tecnologias, a indústria do café busca ampliar o potencial de utilização do robusta e de arábica de baixa qualidade. Isso cria um cenário complexo para a cafeicultura de arábica por dois motivos: a) maior uso de robusta nos blends; e b) maior utilização de arábicas de baixa qualidade. Além de perder mercado para o robusta, existe a possibilidade de grãos de arábica inferiores substituírem outros de melhor qualidade. De posse dessas informações, o setor produtivo precisa pensar em novas estratégias e desenvolver novas tecnologias.

Essa nova realidade torna fundamental a “exortação à qualidade”4 e a redução de custos. O desenvolvimento de novas variedades de café, mais resistentes, mais produtivas e com grãos que resultem em melhor qualidade na xícara deve continuar. Do lado do produtor rural, é urgente o uso da gestão, controlando o fluxo de caixa e os custos, além de avaliar rigorosamente qualquer investimento e fazer uso de ferramentas para garantia de preço (CPR, opções, mercado futuro).

A discussão se faz necessária e, para isso, contamos com a participação dos leitores.

1 Para uma análise sobre o crescimento do mercado de cafés robustas veja o artigo “O novo mundo do café”, de Paulo Henrique Leme. O texto está disponível em < https://www.cafepoint.com.br/cadeia-produtiva/marketing-do-cafe/o-novo-mundo-do-cafe-82396n.aspx>. Acesso em 08 jul. 2013.

2 De acordo com as lendas, seria algo capaz de transformar metais de pouco valor em ouro.

3 Patente US 2008/0299283 A1 Disponível em: <clique aqui>. Acesso em 08 jul. 2013.

4 Ver o artigo “Exortação à Qualidade”, de Celso Vegro e Eduardo Santos. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em 08 jul. 2013.
 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

LUIZ GONZAGA DE CASTRO JUNIOR

Doutor em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e professor associado da Universidade Federal de Lavras. Coordenador do Centro de Inteligência em Mercados (CIM).

EDUARDO CESAR SILVA

Coordenador do Bureau de Inteligência Competitiva do Café.

Doutorando em administração pela Universidade Federal de Lavras e mestre em administração pela mesma instituição.

É tecnólogo em cafeicultura pelo IF Sul de Minas - Campus Muzambinho.

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BENTO VENTURIM

SÃO GABRIEL DA PALHA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/07/2013

É muito dificil saber da existência de Starbucks,Tchibo, Sara Lee (atual Master Blenders), Nestlé e Kraft (atual Mondelez) , etc e nós que produzimos , entregamos para estas empresas ganharem dinheiro.

Será que vamos precisar seguir os exemplos  dos dias atuais, ir para as ruas, para forçar nossas cooperativas e nossas empresas nacionais a  agregarem esses valores em nosso produto?



Associados de cooperativas , vamos  à Luta?
EDUARDO CESAR SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/07/2013

Prezado Celso,



Tarefa das mais importantes, mas também das mais desafiadoras.



Agradecemos o comentário.



Abraços.
EDUARDO CESAR SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/07/2013

Prezado Jonas Torres,



Ótima análise do atual momento.



Abraços.
JOSE ROBSON VESCOVI RAMOS

FUNDÃO - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 17/07/2013

Como será este baixo custo quee voce Sebastião Machado esta falando, porque hoje com a mão de obra e o uso de fertilizante não dá para tocar.A uns anos atras conheci uma familia de produtores de cafe que ficaram ricos aqui em Fundão-ES vou dizer como: Eles derrubavam mata virgem(Floresta litoranea) e plantavam cafe, negocio de 3 a 4 alqueires, eram em 4 irmaos. Como Faziam: Não adubavam a terra era nova, não podava, não desbrotavam, só rossava e colhiam. isto faziam até 5 a 6anos, depois o cafe envelhecia, ai largavam aquilo tudo e fazia mais cafezais derrubando mais floresta. Resultado: ficaram ricos, quando acabou a floresta tiveram que plantar  em terras velhas, ai eles quebram e estão pobres hoje. ( estou falando de primos meus) vi com os meus olhos.
JOSÉ SEBASTIÃO MACHADO SILVEIRA

LINHARES - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/07/2013

    Este foi um dos melhores artigos publicado no cafepoint.  Devemos acompanhar as mudanças no agronegócio, não podemos viver de sonhos. Existe um ditado popular que se enquadra neste novo mundo da cafeicultura. "Sobreviverá neste mundo de rápida transformação quem for capaz de previr a sua própria morte". Devemos deixar de lado o nosso orgulho, precisamos sobreviver da cafeicultura.  A questão é, como ganhar dinheiro hoje,  plantando café. Se querem café de baixa qualidade, porque não produzi-lo a baixo custo?
JOSE ROBSON VESCOVI RAMOS

FUNDÃO - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/07/2013

Li recentemente que 1\3 do chocolate no mundo que se consome, não e chocolate, mas produto quimico imitando sabor chocalate, não vai demorar muito que logo,logo acharão o sabor quimico para nosso cafe, ja fizeram isto com os refrigerante sabor laranja, uva, limão,

etc..., a quimica vai substituir e mandar na fabricação dos alimentos, nos somos os proprios cobaias das industrias  que faturam milhões enganando os desavizados. Vamos futuramente morrer de fome com barriga cheia(quimica)sem falar nas doenças que aumenta cada dia. Estamos a ver o fim da humanidade, e a fome se alastrar pelos continentes.
ROSIMEIRI APARECIDA BUZZETI

JACAREZINHO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/07/2013

NÃO TEM JEITO DE GANHAR DINHEIRO COM CAFÉ A 300 REAIS!!!

SERÁ QUE ESTAS GRANDES FAZENDAS DE CAFÉ NÃO TEM OUTRA FINALIDADE!!!

MEIA DÚZIAS DE PRODUTORES FAZEM MÁGICAS!!!

OS VERDADEIROS PRODUTORES DE CAFÉ ESTÃO SENDO HUMILHADOS
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/07/2013

Prezados Luis Gonzaga e Eduardo Cesar

A pesquisa em robusta já havia resultado em patamares de produtividade inimagináveis. Desde início da década passada sabíamos da existência dessas linhagens de robusta que resultam em xícaras de qualidade superior. Com o lançamento comercial dessas linhagens e de outras que se seguirão, a trajetória dos arábicas apenas duros estará fortemente questionada.

Observar atentamente esse período de transição e as alternativas que serão elaboradas em âmbito do arábica para superar esse será nossa mais importante tarefa.

Parabéns pelo artigo.

Abçs

Celso Vegro
JONAS TORRES

ALFENAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/07/2013

Eu diminui minha produção para 1/4 do que produzia a 5 anos...Tenho amigos produtores que dizem que no norte de minas e outras regiões tem entrado muitas fazendas de grande porte. Pessoal plantando de 2/3 mil hectares com alta tecnologia e mecanização ( uma única fazenda produzindo mais de 100 mil sacas). Infelizmente o que se viu em todo o sul de minas nos últimos anos foi um bom aumento de plantio, sempre acompanhando as notícias que vai faltar café, que o preço será bom por 5 anos e por ai vai.



Eu continuo com minha opinião, o Brasil não pode produzir o que produz, nossos custos na montanha por mais melhoria que se faça não acompanha o custo destas grandes fazendas. Temos que levar em consideração que os Centrais e Colômbia atravessam problemas sérios, mas logo poderão recuperar sua produção aumentando mais ainda o problema com o arábica. Ou diminuímos a produção ou entregar a terra é questão de tempo. Sem isso, não adianta programa de retenção, financiamento ou qualquer mecanismo, nenhum deles no médio e longo prazo supera a lei da oferta e da demanda. Infelizmente parece que essa diminuição vai ocorrer de forma natural, lenta e dolorida porque dificilmente os preços voltarão a 330/350 reais que é o nosso custo. E se voltar, mais fazendas de 2/3 mil hectares entrarão em produção. Ou seja, a única saída é a diversificação.
EDUARDO CESAR SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/07/2013

Caro Willian,



Diversificar as fontes de renda é uma estratégia muito utilizada pelas empresas. A própria Starbucks, um ícone do consumo de café, está diversificando seu portfólio e agora vende chás e sucos, além de investir no varejo.



Precisamos de estudos sobre a viabilidade econômica de outras culturas nas regiões cafeeiras.
EDUARDO CESAR SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/07/2013

Prezado PH,



O momento é crítico para a cafeicultura e precisamos de ações. Só que essas ações não podem depender apenas do governo.



Abraços.
WILLIAN JOSÉ GOULART

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/07/2013

solução café é a diversificação. vamos mudar de cultura antes de ter de vender as terras.
PAULO HENRIQUE LEME

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 15/07/2013

Caros colegas,



É aí que porca torce o rabo.



Precisamos parar de tapar o sol com a peneira e entrar fundo na gestão das propriedades e no marketing. Não dá para ficar enrolando com estas perspectivas para o Arábica (e mesmo para o Conilon Capixaba).



Um abraço,



PH

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